"O primeiro foi em outubro. Voava durante o dia e era claramente visível. Abrimos fogo quando entrou em nosso setor", explica coronel (AFP/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 1 de março de 2023 às 14h32.
O coronel "Smak" e sua equipe de voluntários ucranianos conseguiram destruir três drones de ataque lançados pelos russos sobre Kiev, derrubando-os com antigas metralhadoras do Exército Vermelho.
"O primeiro foi em outubro. Voava durante o dia e era claramente visível. Abrimos fogo quando entrou em nosso setor", explica o comandante da unidade, cujo apelido "Smak" significa entusiasmo.
A Rússia tem enviado uma série de drones Shahed iranianos nos últimos meses, muitos deles visando redes elétricas. Ao contrário dos mísseis de cruzeiro, eles voam relativamente devagar e seu pequeno motor é barulhento, então os soldados podem segui-los com os olhos e ouvidos.
"Os outros dois nós abatemos no dia 1º de janeiro, após o Ano Novo. Estava escuro, mas nossos colegas acenderam holofotes e usaram câmeras térmicas, então os localizamos e derrubamos. Eu pessoalmente atirei neles com uma metralhadora", detalha "Smak", de 49 anos com barba grisalha.
Ele lidera uma equipe de 80 voluntários civis - alguns aposentados, outros ainda ativos - que monitoram os drones dia e noite. Sua base é uma pequena sala no andar térreo de um prédio em construção nos arredores de Kiev.
Às 20h chega uma nova equipe para cobrir o turno da noite. Se as sirenes de ataque aéreo dispararem, eles entram nos carros e correm para uma colina próxima, onde assumem posições de tiro para tentar abater qualquer drone que se aproxime da cidade.
O voluntário “Valdemar”, de 19 anos, é fotografado no subúrbio de Kiev em 28 de fevereiro de 2023
Há cerca de uma dúzia dessas unidades monitorando o céu sobre Kiev, como parte da força de defesa territorial. Além das kalashnikovs, o grupo está equipado com duas metralhadoras degtyaryov, originalmente usadas pelo Exército Vermelho Soviético no final da década de 1920, que possuem um carregador de alta capacidade.
O vice-comandante Mykola, de 50 anos, destaca que unidades em todo o país monitoram os drones que entram no espaço aéreo ucraniano e transmitem as informações. Os drones são lançados do Mar Negro ao sul, ou da fronteira russa ao leste.
Desde outubro, os ucranianos têm reforçado suas defesas aéreas, e os aliados ocidentais prometeram e enviaram modernos sistemas de mísseis antiaéreos capazes de derrubar muitos mísseis e aviões não tripulados.
Os ataques da Rússia também se tornaram menos frequentes e poderosos. “Neste momento não estamos recebendo tantos alertas, é um período mais ou menos calmo”, diz Mykola.
Os voluntários dormem em camas e cadeiras, enquanto o subcomandante fica de plantão até às 05h, quando a equipe toma café no frio congelante. "Somos a última linha de defesa", diz Mykola, com binóculos em volta do pescoço.
“Se tivéssemos algo como a Cúpula de Ferro de Israel, eu ficaria feliz”, acrescenta ele, referindo-se ao inovador sistema de defesa aérea do país.