Homem armado, que se acredita estar a serviço da Rússia, monta guarda no em frente a uma área militar ucraniana na cidade de Sevastopol, na região da Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2014 às 12h14.
Simferopol - Os ucranianos da Crimeia denunciaram neste sábado que as autoridades separatistas falsificarão os resultados do referendo que será realizado neste domingo para garantir a vitória da reunificação com a Rússia.
"Na Crimeia, nunca houve eleições limpas. A falsificação já está acontecendo. Tenho certeza de que os resultados do referendo serão manipulados", afirmou à Agência Efe o presidente da Comunidade Ucraniana da Crimeia, Vladislav Khmelovsky.
"Tenho certeza de que a comunidade democrática internacional não reconhecerá os resultados, da mesma forma que a Ucrânia, e apenas a Rússia considerará a consulta separatista como legal", acrescentou.
Khmelovsky fez essas afirmações após um comício de protesto em Simferopol, capital crimeana, organizado pela minoria ucraniana, que representa 25% da população da península.
"Boicote ao referendo", "Crimeia é Ucrânia", "Não à ocupação russa" ou "Paz na Crimeia" são frases escritas em cartazes exibidos pelos manifestantes em um ato que reuniu cerca de 100 pessoas.
O comício, no qual foram vistas várias bandeiras ucranianas, terminou com o hino nacional, que os presentes entoaram com a mão no peito, e o "Gloria à Ucrânia", lema rejeitado pela maioria russa da Crimeia.
Um dos manifestantes denunciou o desaparecimento nos últimos dias de vários ativistas pró-ucranianos contrários à realização do referendo.
"Os crimeanos não querem nenhum cataclismo em suas vidas nem nenhum fato que possa pôr em perigo a paz e a convivência étnica. Devemos nos desenvolver dentro do Estado ucraniano. No Estado democrático ucraniano, os direitos das minorias são respeitados", destacou Khmelovsky.
O líder da minoria ucraniana teme que, assim que o território romper laços com a Ucrânia, explodam enfrentamentos civis e a Crimeia se transforme em um novo foco de tensão no mundo.
"Deus não queira isso. O futuro da Crimeia me alarma. Um grupo nacional majoritário não pode impor sua vontade ao restante. A cisão não permitirá a prosperidade e o crescimento econômico. A Crimeia será um reduto de separatismo e antagonismo étnico", encerrou. EFE