O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o ex-comandante-em-chefe das Forças Armadas, Valeriy Zalujny (Presidência da Ucrânia/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 8 de fevereiro de 2024 às 16h40.
Última atualização em 8 de fevereiro de 2024 às 17h00.
O ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, anunciou a substituição, nesta quinta-feira, o comandante-em-chefe das Forças Armadas, general Valery Zalujny, que reconheceu a necessidade de mudar a estratégia para enfrentar a Rússia depois de quase dois anos de guerra. Após a demissão, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nomeou o general Oleksander Sirski, de 58 anos, como novo comandante-em-chefe.
"Hoje foi tomada a decisão de mudar o comando das Forças Armadas ucranianas", escreveu Rustem Umerov, no Facebook. A mudança é significativa e ocorre poucos dias antes do aniversário de dois anos da invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022. Também ocorre em um momento em que a Ucrânia se encontra estancada no conflito, ao tentar recapturar os territórios ocupados pela Rússia no Leste e no Sul do país, mas sem conseguir repelir significativamente as forças russas.
Sirski, que ocupará o cargo a partir de agora, é o "general mais experiente da Ucrânia", destacou o chefe de Estado, sublinhando que ele liderou a defesa de Kiev, a capital, quando começou a invasão russa em fevereiro de 2022. O novo comandante-em-chefe também liderou a contraofensiva ucraniana lançada no outono de 2022 (no Hemisfério Norte), que libertou a região de Kharkiv, no nordeste do país.
Por sua vez, general demitido Zalujny, de 50 anos, reconheceu que para combater a Rússia, a estratégia da Ucrânia deve "mudar e se adaptar". "Nosso combate continua e evolui a cada dia. As tarefas de 2022 são diferentes das de 2024. Portanto, cada um deve mudar e se adaptar às novas realidades. Para vencermos juntos", escreveu Zalujny no Telegram.
"Conversamos sobre quais mudanças as Forças Armadas precisam. Também conversamos sobre quem poderia fazer parte de um comando renovado das Forças Armadas da Ucrânia", escreveu o presidente ucraniano na rede social X (antigo Twitter). "O momento da renovação é agora. Propus ao general Zalujny permanecer na equipe", disse ele.
Os rumores sobre a demissão de Zalujny, conhecido como "General de Ferro", já corriam há algumas semanas na imprensa, sendo prontamente negados pelo Gabinete de Zelensky até então. O fracasso da contraofensiva durante inverno europeu foi um dos principais motivos para a ruptura, mas analistas também apontam como possível motivo a alta popularidade de Zalujny.
Os atritos entre o presidente e seu principal general aumentaram, principalmente nos bastidores, logo após a invasão russa e à medida que a popularidade do general Zalujny aumentava com as vitórias militares. Entre os analistas políticos ucranianos, o general é visto como um adversário plausível de Zelensky caso as eleições, agora suspensas pela lei marcial, sejam retomadas.
O cisma aprofundou-se no fim do ano, quando Zalujny publicou um relatório declarando que o conflito estava num impasse, contradizendo as afirmações esperançosas de progresso de Zelensky. O relatório seguiu-se a uma contraofensiva ucraniana, realizada com milhões de dólares em armas ocidentais, mas sem alcançar um avanço concreto enquanto custava milhares de baixas ucranianas.
Mais recentemente, os dois discordaram publicamente sobre se a liderança civil ou militar deveria ser responsável por um plano para recrutar até meio milhão de homens para reabastecer o Exército. O projeto provavelmente será impopular e manchará os líderes mais intimamente associados a ele, observaram analistas ucranianos.