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Ucrânia reconhece perda de controle da fronteira com Rússia

Ucrânia reconheceu que está perdendo o controle da fronteira com a Rússia nas regiões rebeldes de Donetsk e Lugansk


	Membro de grupo pró-Rússia em Donetsk: autoridades fecharam 3 postos fronteiriços
 (Maxim Zmeyev/Reuters)

Membro de grupo pró-Rússia em Donetsk: autoridades fecharam 3 postos fronteiriços (Maxim Zmeyev/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2014 às 14h50.

Kiev - A Ucrânia reconheceu nesta quinta-feira que está perdendo o controle da fronteira com a Rússia nas regiões rebeldes de Donetsk e Lugansk, motivo pelo qual precisou fechar até três postos fronteiriços.

"Devido à concentração de um grande número de terroristas nas regiões fronteiriças (...). É muito difícil o controle da fronteira em certas regiões", informou o Serviço de Guarda de Fronteiras da Ucrânia (SGU) em comunicado.

Por isso, as autoridades decidiram fechar provisoriamente três postos de fronteira na região de Lugansk, palco nesta semana dos combates mais sangrentos entre forças governamentais e rebeldes pró-Moscou.

Além disso, o SGU se viu obrigado a retirar equipes de outras cinco unidades, já que haviam sido bloqueadas pelos milicianos, por tiroteios contínuos e pelas ameaças recebidas por seus parentes.

Os guardas fronteiriços, assim como seu armamento, sua munição e suas equipes de comunicação, foram integrados provisoriamente às forças móveis do SGU.

Por isso, os serviços fronteiriços pedem ao governo que mobilize as Forças Armadas, a Guarda Nacional e a polícia para o controle da fronteira, por onde Kiev suspeita que mercenários russos estejam entrando no país para combater as forças do governo.

Devido aos "buracos" na fronteira russo-ucraniana, nos últimos dias os voluntários russos cruzaram livremente a fronteira com Lugansk, como ontem à noite, quando 15 caminhões da Rússia penetraram em território ucraniano.

"Nos últimos dias os guardas fronteiriços abandonaram seus postos em uma porção de 130 quilômetros da fronteira na região de Lugansk", disse Yuri Lutsenko, ex-ministro do Interior.

Também precisaram ser evacuados os civis que vivem nas imediações dos pontos fronteiriços, objeto esta semana de fustigações armados por parte dos insurgentes, entre cujos planos está abrir a fronteira com a Federação Russa.

Quanto a isso, os separatistas informaram hoje que controlam a linha de demarcação fronteiriça com a Rússia que fica encontra a poucos quilômetros da capital de Lugansk.


Kiev informou sobre o fechamento dos postos fronteiriços à Rússia, cuja Chancelaria se mostrou indignada com a decisão de impedir que os refugiados abandonem as zonas de combate com destino às regiões limítrofes russas.

"Em vez de abrir a fronteira para que todo o que o deseje abandone a zona de combates, a fronteira se fecha. Isto é absolutamente degradante e inadmissível", assegurou Aleksandr Lukashevich, porta-voz da Chancelaria russa.

O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, cifrou em quase 4 mil os deslocados ucranianos, um fenômeno "sem precedentes", embora tenha reconhecido que nem todos pedem asilo na Rússia.

A situação no leste pró-russo parece ter se tranquilizado nas últimas horas e a Rada Suprema (Legislativo ucraniano) ampliou as faculdades das forças governamentais no marco da ofensiva contra as fortificações pró-Rússia.

A partir de agora, na chamada "operação antiterrorista" em Donetsk e Lugansk poderão participar todas as estruturas e todos os órgãos de segurança que ordene o presidente, desde as Forças Armadas aos serviços de inteligência exterior.

Além disso, poderão ser introduzidas limitações aos direitos e liberdades da população civil, e ao funcionamento de empresas e fábricas nas zonas onde a operação acontecer.

A Ucrânia se prepara para a posse neste sábado do presidente eleito, Petro Poroshenko, à qual irá o vice-presidente dos EUA, Joe Biden; o presidente do Conselho da União Europeia, Herman Van Rompuy, e o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, entre outros dirigentes.

Durante sua primeira viagem ao exterior, Poroshenko participará amanhã na França no 70º aniversário do desembarque aliado no litoral de Normandia.

Poroshenko, que se reuniu nesta semana com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aproveitará para se reunir com a chanceler alemã, Angela Merkel, mas não está previsto nenhum encontro com o chefe do Kremlin, Vladimir Putin.

Quanto a isso, Putin assegurou à imprensa francesa que não evitará um possível contato com o novo líder ucraniano, ao que recomendou que suspenda a operação de castigo contra os rebeldes pró-Rússia antes de sujar as mãos de sangue.

Por sua vez, Poroshenko assegurou que após a posse anunciará um plano de regra pacífico do conflito respaldado pelo Ocidente e que contemplará medidas como uma anistia geral e uma descentralização administrativa.

As medidas são consideradas insuficientes por Moscou, que exige um diálogo direto com o leste.

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