Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, em Kiev (Valentyn Ogirenko/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2015 às 16h30.
Kiev - O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, promulgou nesta quinta-feira uma doutrina militar na qual a Rússia é considerada a maior ameaça para a segurança nacional e que fixa como objetivo o futuro ingresso na Otan.
Segundo o documento, "a atual ameaça militar para a Ucrânia provém da agressão armada da Rússia, o que inclui a ocupação temporária da Crimeia e sua incursão em algumas áreas das regiões de Donetsk e Lugansk".
Outras ameaças são o reforço do potencial militar russo nas fronteiras com a Ucrânia e o possível desdobramento de armamento nuclear na península da Crimeia, após sua anexação à Rússia em março de 2014.
A doutrina não descarta uma "agressão militar em grande escala" por parte da Rússia, que apoia às milícias separatistas pró-russas em sua luta contra o exército de Kiev.
"A Ucrânia considera como principal adversário outro país ou coalizão de países cujas ações podem ser qualificadas pela lei ou o direito internacional como agressão militar. Atualmente, o adversário militar é a Federação Russa", afirma o texto.
Por tudo isso, o principal objetivo da Ucrânia do ponto de vista da segurança deve ser modernizar as forças armadas segundo os padrões da Otan, além de restabelecer a soberania e a integridade territorial.
Ao mesmo tempo em que reconheceu que a Ucrânia não está ainda preparada para ingressar na Aliança Atlântica, Poroshenko assinou na terça-feira em Kiev com o secretário-geral aliado, Jens Stoltenberg, uma declaração conjunta na qual ambas partes se comprometeram a reforçar sua cooperação militar.
Poroshenko, que antecipou que quando seu país tenha completado as reformas exigidas pela Otan convocará um referendo sobre o ingresso no bloco aliado, garantiu que a Ucrânia não precisa de armamento letal, mas ajuda para melhorar sua capacidade defensiva.
Segundo uma pesquisa divulgada hoje pela imprensa local, 64% dos ucranianos respalda a entrada do país na Otan, quando há três anos apenas 12% da população apoiava essa opção.
A Rússia, à qual Poroshenko acusa de desdobrar milhares de soldados na Ucrânia em apoio das milícias separatistas de Donetsk e Lugansk, nega sua intervenção no conflito e acusa Kiev de violar os acordos de paz de Minsk (do último mês de fevereiro) por negar-se a dialogar com os separatistas pró-Rússia.
A respeito da Crimeia, o presidente russo, Vladimir Putin, deu recentemente o caso por encerrado, alegando que os crimeanos tinham se pronunciado a favor da reintegração na Federação Russa através de um referendo.
No leste da Ucrânia, onde explodiu uma sublevação armada pró-russa em abril de 2014, forças governamentais e milícias rebeldes respeitam a nova trégua declarada no final de agosto, mas as eleições convocadas pelos separatistas ameaçam, segundo Kiev, torpedear as negociações de paz.