Mundo

Ucrânia isola leste rebelde onde combates prosseguem

Qualquer ucraniano ou estrangeiro deverá apresentar o seu passaporte para entrar na área sob controle rebelde ou sair deste território

Soldado ucraniano verifica a identidade de um homem em um posto na cidade de Bugas, leste do país (Alexander Khudoteply/AFP)

Soldado ucraniano verifica a identidade de um homem em um posto na cidade de Bugas, leste do país (Alexander Khudoteply/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2014 às 14h34.

Kiev - A Ucrânia impôs nesta quinta-feira o controle de passaporte em torno do leste rebelde pró-russo, nova medida para isolar fisicamente e economicamente este território onde os combates continuam, apesar de um cessar-fogo.

Qualquer ucraniano ou estrangeiro deverá apresentar o seu passaporte para entrar na área sob controle rebelde ou sair deste território, onde mais de 4.000 pessoas morreram desde o início do conflito armado em abril, anunciaram os guardas de fronteira.

Kiev também negou o acesso ao resto do país aos estrangeiros que entrarem no leste pela parte da fronteira russo-ucraniana sob controle separatista.

"É território ucraniano. Mas, uma vez que é gerido temporariamente pelos rebeldes, precisamos introduzir controles", explicou à AFP um guarda de fronteira, Sergui Astakhov.

"Russos armadas entram sem nenhum obstáculo nesta área a partir do lado russo. Precisamos garantir que eles não avancem além desta região", acrescentou.

Estas decisões fazem parte do endurecimento da política de Kiev anunciada após a realização de eleições no leste separatista, reconhecidas apenas pela Rússia, e que, de acordo com a Ucrânia e o Ocidente, desferiu um duro golpe ao processo de paz.

O presidente ucraniano Petro Poroshenko garantiu na terça-feira que o governo central continua comprometido com o plano de paz, mas que irá introduzir uma série de medidas para se defender e evitar a propagação do conflito.

Na mesma linha, o governo, diante de uma grave crise econômica e cujos cofres estão vazios, anunciou na quarta o fim dos benefícios sociais no leste.

Na prática, a decisão do governo, que entrará em vigor nos próximos meses, fará com que os habitantes dessas regiões só voltem a receber seus benefícios ao se mudarem para os territórios controlados por Kiev.

Até então, muitos aposentados que vivem na área sob controle rebelde, incluindo aqueles que apoiam os separatistas, saía rapidamente para pegar as suas aposentadorias e retornavam.

"Este é o fim do turismo da aposentadoria. Aqueles que apoiam os separatistas podem ficar com eles, mas nós não vamos pagá-los", indicou à AFP uma fonte do governo.

A Ucrânia também planeja cortar todo financiamento orçamental a estes territórios, informou à AFP um oficial ucraniano encarregado da segurança.

De acordo com o primeiro-ministro ucraniano Arseniy Yatsenyuk, esta área recebia cerca de 34 bilhões de hryvnias (1,8 bilhão de euros) em subsídios anuais.

"Este é um primeiro passo para a guerra econômica" lançada por Kiev contra os separatistas depois de não conseguir derrotá-los militarmente, disse à AFP o cientista político Taras Berezovets.

A Ucrânia estava a ponto de sufocar a rebelião antes do final de agosto quando teve que lidar com uma poderosa contra-ofensiva rebelde com a participação direta do exército russo, segundo Kiev e o Ocidente.

Um cessar-fogo instaurado no início de setembro permitiu uma diminuição na intensidade dos combates.

Mas no terreno, a situação permanece tensa nesta quinta-feira, especialmente no reduto separatista de Donetsk.

Esta grande cidade ainda estava em estado de choque após a morte no dia anterior de dois adolescentes em bombardeios enquanto jogavam futebol perto de uma escola.

A tragédia provocou uma nova troca de acusações entre a Ucrânia, culpando os rebeldes e Rússia, que abriu uma investigação sobre crimes de guerra contra as forças ucranianas, acusando-as de deliberadamente disparar contra a escola.

Os observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa devem visitar o local do incidente.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEuropaExércitoRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Porta-voz do Hezbollah é morto em ataque israelense em Beirute

Presidente da China diz querer trabalhar com Trump para “administrarem diferenças”

Hospedado em Copacabana, príncipe saudita preza por descrição e evita contatos; saiba quem é

Israel prossegue com bombardeios no Líbano e em Gaza