Pouco depois de os ucranianos terem derrubado o governo apoiado por Moscou em 2014, a Rússia anexou a península da Crimeia (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 11h26.
A Ucrânia enfrenta, nesta terça-feira, 20, uma multiplicação dos ataques russos no front leste e no sul, depois que o presidente Volodymyr Zelensky alertou para uma situação "extremamente difícil" para suas forças, por falta de munições suficientes.
As ofensivas russas ocorrem no momento em que a Ucrânia recorda o 10º aniversário da morte de dezenas de manifestantes em Kiev durante a revolução pró-europeia de Maidan, que derrubou um governo pró-Rússia.
"Dez anos se passaram desde (o início) das tentativas de nos destruir e de destruir a nossa independência", postou Zelensky no Facebook nesta terça-feira.
"Mas permanecemos firmes há 10 anos e continuamos a fazê-lo hoje", acrescentou.
Pouco depois de os ucranianos terem derrubado o governo apoiado por Moscou em 2014, a Rússia anexou a península da Crimeia.
O Estado-Maior ucraniano afirmou na sua coletiva matinal desta terça-feira que pelo menos 84 ataques russos foram registrados nas últimas 24 horas e que todos foram "repelidos".
Os ataques ocorrem depois de Moscou ter tomado a cidade de Avdiivka, na região de Donetsk, no sábado, a sua primeira grande conquista desde a captura de Bakhmut em maio de 2023.
"A situação é extremamente difícil em muitas partes do front, onde as tropas russas concentraram o máximo das suas reservas", afirmou Zelensky na segunda-feira, insistindo que o seu país precisa de mais artilharia, defesa aérea no front e armas de longo alcance.
As forças russas "estão aproveitando os atrasos na ajuda à Ucrânia", acrescentou o líder ucraniano.
Cinco civis morreram em um bombardeio russo contra uma cidade na região nordeste de Sumy, disse o Exército ucraniano nesta terça-feira.
O presidente dos EUA, Joe Biden, garantiu no domingo a Zelensky que está "confiante" na renovação da ajuda do seu país à Ucrânia, que foi bloqueada pelos republicanos na Câmara Baixa do Congresso.
Da mesma forma, o primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmigal, indicou nesta terça que também está confiante de que o Congresso dos EUA aprovará a ajuda quando retornar do recesso.
"Acredito que os Estados Unidos também apoiarão a Ucrânia, como a União Europeia, como o Japão, como todos os países do G7 e o FMI e todas as organizações financeiras internacionais", declarou Shmigal em uma coletiva de imprensa em Tóquio, quando questionado sobre a "fadiga com a Ucrânia" na comunidade internacional.
O Exército ucraniano afirmou na segunda-feira que enfrenta um "fogo adversário" das forças russas na região de Zaporizhzhia, no sul do país.
O comandante ucraniano Oleksandr Tarnavsky disse que as tropas de Moscou estavam lançando múltiplos ataques, especialmente perto da cidade de Robotyne, um dos poucos locais onde a Ucrânia havia conseguido recuperar terreno durante sua contraofensiva do último verão (hemisfério norte, inverno no Brasil).
O militar garantiu no Telegram que o Exército russo está tentando fazer com que "pequenos grupos de ataque, apoiados por unidades de blindados", avancem na região.
"As tentativas de ofensiva foram interrompidas, o inimigo foi eliminado nos arredores de Robotyne", disse Tarnavski, que comanda as forças ucranianas na região.
Relatórios de blogueiros militares russos informaram anteriormente que as forças de Moscou estavam ao sul dessa cidade.
O presidente russo, Vladimir Putin, elogiou a conquista de Avdiivka pelas suas tropas, que descreveu como uma "vitória importante", poucos dias antes do segundo aniversário do início da invasão russa contra a ex-república soviética vizinha, em 24 de fevereiro de 2022.