Prisioneiros: troca foi acordada após reunião entre os presidentes da Ucrânia e da Rússia (Alexander Ermochenko/Reuters)
EFE
Publicado em 29 de dezembro de 2019 às 15h55.
Moscou - O governo da Ucrânia e separatistas pró-Rússia trocaram 200 prisioneiros de guerra neste domingo, em um ponto da linha de separação em Donbass, na primeira ação deste tipo desde 2017, que é resultado da retomada da conversas entre os presidentes ucraniano, Vladimir Zelenski, e russo, Vladimir Putin.
Entre os envolvidos na troca, realizada em Horlivka, controlada pelos rebeldes, estão soldados, milicianos, mercenários, policiais e ativistas de alguns grupos. Alguns estavam presos desde o início do conflito, em 2014, em que mais de 13 mil pessoas morreram.
"Me capturaram e torturaram para arrancar informação. Mas, não por muito tempo", disse Alexandr Danilchenko, um dos 25 prisioneiros ucranianos libertados pela autoproclamada República Popular de Lugansk.
Depois de dois anos de negociações infrutíferas, esse assunto foi desbloqueado durante a Cúpula de Paris, em que Zelenski e Putin se reuniram pela primeira vez, mais precisamente, no dia 9 de dezembro.
Com a presença do presidente da França, Emmanuel Macron, e da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, foi acordada a troca de todos os prisioneiros antes do fim desse ano.
Hoje, no entanto, a operação não eliminou os presos dos dois lados, já que há inúmeros combatentes e ativistas em poder do governo da Ucrânia e também dos separatistas, sem contar os tártaros da Crimeia, detidos pela Rússia após a anexação da península.
De acordo com a presidência ucraniana, a troca de hoje fez com que Kiev recebesse 76 dos presos, sendo 51 de Donetsk e 25 de Lugansk.
Em setembro, Zelenski já havia concordado com Putin pela liberação de 35 pessoas, inclusive, os 24 marinheiros detidos no Mar Negro pela Guarda Costeira da Rússia, além do cineasta Oleg Sentsov.
Hoje, os pró-russos receberam 124 pessoas, pois outras 34 pessoas incluídas na lista original se negaram a regressar ao território separatista.
No local da troca, estavam representantes da Cruz Vermelha e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
A troca anterior havia acontecido em dezembro de 2017 e incluiu mais de 300 pessoas, sendo considerada a maior operação desde o início da revolta armada em Donbass, que explodiu em abril de 2014.
O jornal russo "Novaya Gazeta" veiculou neste domingo que entre os envolvidos na troca de hoje está o cidadão brasileiro Rafael Lusvarghi, que em 2017 foi condenado a 13 anos de prisão, por combater com o grupo de insurgentes separatistas.