Arseny Yatseniuk: primeiro-ministro ucraniano diz que objetivo da Rússia é eliminar a Ucrânia enquanto país independente (Andrew Kravchenko/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2014 às 10h54.
O exército da Ucrânia afirmou neste sábado ter repelido um ataque dos separatistas contra o aeroporto de Donetsk, o que coloca na corda bamba a frágil trégua no leste deste país, que acusou a Rússia de querer acabar com sua independência.
"Muitos rebeldes, apoiados por seis tanques, lançaram na sexta-feira às 19h30 (13h30 de Brasília) um ataque contra o aeroporto de Donetsk que foi repelido heroicamente pelos soldados", afirmou o serviço de imprensa do exército ucraniano neste sábado.
O primeiro-ministro, Arseni Yatseniuk, acusou em uma conferência internacional em Kiev o presidente russo, Vladimir Putin, de querer acabar com a Ucrânia e mantê-la em estado de guerra.
"Seu objetivo não é apenas tomar Donetsk e Lugansk", os redutos dos separatistas pró-russos, "seu objetivo é tomar toda a Ucrânia (...) quer eliminar a Ucrânia enquanto país independente", disse Yatseniuk.
O chefe de governo ucraniano afirma que a próxima etapa seria criar um corredor que unisse a fronteira russa com a península da Crimeia, anexada por Moscou em março, passando por várias regiões do sul da Ucrânia.
Enquanto isso, um comboio russo chegou neste sábado a Lugansk com alimentos, combustível e remédios para as regiões em mãos dos insurgentes, informou a imprensa russa.
Esta era uma das condições do cessar-fogo assinado entre Kiev, representantes dos separatistas e da OSCE no dia 5 de setembro em Minsk.
Embora os combates tenham diminuído notavelmente no leste da Ucrânia desde então, as partes beligerantes se acusam mutuamente de violar a trégua.
"Estão nos matando"
Os separatistas pró-russos controlam Donetsk há meses, mas as forças ucranianas se agarram ao aeroporto desta cidade desde maio.
Os habitantes próximos ao aeroporto dizem que não há trégua, e que os contínuos disparos atingem os edifícios e obrigam os moradores a se refugiar nos porões ou a fugir.
"Quando bombardeiam ou disparam contra mulheres ou civis idosos, como podemos nos sentir? Estão nos matando aqui", disse Victor Smolin, um mineiro aposentado que mostrou à AFP o local onde um morteiro caiu no alto de um edifício.
Em seu discurso em Kiev, Yatseniuk afirmou que é cedo para falar de uma solução pacífica do conflito na Ucrânia, e disse que Kiev precisa que a União Europeia (UE) e Washington garantam a soberania de seu país e se somem aos esforços para deter a guerra, que já deixou mais de 2.700 mortos desde abril.
A UE e os Estados Unidos impuseram na sexta-feira novas sanções à Rússia, às quais Putin reagiu afirmando que, com elas, o Ocidente tenta desestabilizar as relações internacionais.
Mas em um gesto considerado uma concessão a Moscou, a UE decidiu adiar a aplicação do tratado comercial incluído no Acordo de Associação que assinou com Kiev, ao qual a Rússia se opõe.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, também anunciou nesta semana que apresentará um projeto de lei para conceder maior autonomia a partes do leste do país, como parte do processo de paz.
Os insurgentes afirmam, no entanto, que não abandonarão as armas enquanto não conseguirem a independência.