Um tanque ucraniano dispara contra posições russas perto de Kreminna, em 12 de janeiro de 2023 (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 14 de janeiro de 2023 às 11h33.
A Ucrânia acusou a Rússia de lançar ataques a infraestruturas importantes em Kiev e outras regiões do país neste sábado (14), um dia depois de Moscou assumir o controle da cidade de Soledar, no leste, após uma batalha feroz.
Várias explosões ressoaram em Kiev pela manhã, informaram jornalistas da AFP e, segundo autoridades ucranianas, os ataques tiveram como alvo infraestruturas importantes da capital.
"Um ataque com mísseis a infraestruturas importantes" está em andamento em Kiev, disse o conselheiro presidencial ucraniano Kirilo Timoshenko no Telegram.
Por sua vez, o prefeito da capital, Vitali Klitschko, denunciou explosões no distrito de Dniprovskiy e pediu aos moradores que "fiquem em abrigos".
Vários fragmentos de um míssil caíram no distrito de Golosiivsky, mas ninguém ficou ferido, disse Klitschko.
"Hoje, o inimigo disparou novamente contra as infraestruturas de energia", disse a operadora ucraniana Ukrenergo, acrescentando que está trabalhando para "apagar as consequências" desses ataques.
Na região de Kharkiv (nordeste), "o inimigo lançou outro ataque com mísseis contra infraestruturas importantes", disse o governador Oleg Sinegubov.
Ele acrescentou que pode haver cortes de energia de emergência na cidade, a segunda maior da Ucrânia.
Ataques também foram relatados mais ao sul, na região de Zaporizhzhia.
“O inimigo está novamente atacando o território da Ucrânia”, declarou também o chefe da região de Cherkasy (centro), Igor Taburets, acrescentando que espera alertas em grande escala durante o dia.
Desde outubro, e após uma série de contratempos na Ucrânia, a Rússia bombardeia metodicamente a infraestrutura vital do país, forçando as empresas de energia a restaurar a rede o mais rápido possível à medida que o inverno se intensifica.
Na linha de frente, a luta por Soledar "continua", declarou o Estado-Maior ucraniano na sexta-feira, sem dar mais detalhes.
Horas antes, o Ministério da Defesa russo declarou que Soledar, uma pequena cidade com uma população de cerca de 10.000 habitantes antes do conflito, havia sido "libertada" na noite de 12 de janeiro.
O Exército russo elogiou as "ações corajosas" dos combatentes do grupo mercenário Wagner, cujos homens lideraram "o ataque direto às áreas residenciais de Soledar".
O porta-voz do comando oriental do Exército ucraniano, Sergei Cherevaty, disse que suas tropas mantêm a situação "sob controle em condições difíceis" diante das "melhores unidades de Wagner e outras forças especiais russas".
O Reino Unido fornecerá à Ucrânia tanques Challenger 2 e será o primeiro país a enviar tanques pesados de fabricação ocidental para ajudar o país contra uma invasão russa, disse o governo em comunicado neste sábado.
Durante uma conversa telefônica com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak enfatizou "o compromisso do Reino Unido em intensificar seu apoio à Ucrânia, incluindo o fornecimento de tanques Challenger 2 e sistemas de artilharia adicionais", segundo Downing Street.
O governo não disse quantos tanques enviará, quando ou como fornecerá treinamento no uso e manutenção do Challenger 2.
Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), com sede nos Estados Unidos, a captura de Soledar é "improvável de anunciar um cerco iminente a Bakhmut", cidade que é o principal alvo do Exército russo, localizada 15 quilômetros a sudoeste de Soledar.
A luta em torno de Soledar começou há vários meses, mas aumentou acentuadamente sua intensidade nos últimos dias.
Para combater o Exército russo, a Ucrânia pediu novamente na sexta-feira a seus aliados ocidentais mais armas e equipamentos militares, incluindo tanques pesados e mísseis de longo alcance.
"Para vencer esta guerra, precisamos de mais equipamento militar, equipamento pesado", disse Andrey Yermak, chefe de gabinete da Presidência ucraniana, no Telegram.
O Conselho de Segurança da ONU voltou a se reunir na sexta-feira para discutir a situação na Ucrânia, quase 11 meses após o início da invasão russa.
"Ucrânia, Rússia e o mundo não podem permitir que esta guerra continue", disse a secretária-geral adjunta da ONU para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo.