Cenário de guerra na Ucrânia se agrava com os ataques russos (Genya SAVILOV /AFP)
Redação Exame
Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 17h34.
A Ucrânia avalia novas estratégias para sua segurança diante da contínua ofensiva russa, incluindo a presença de tropas estrangeiras em seu território. A ideia, que já vem sendo discutida em círculos políticos ucranianos, visa garantir proteção até que o país possa se juntar à Otan. O presidente do comitê de relações exteriores do Parlamento, Oleksandr Merezhko, destacou que, enquanto a adesão ao bloco não é uma opção imediata, todas as alternativas para segurança, incluindo o envio de tropas estrangeiras, continuam sendo analisadas. No entanto, ele se mostrou cético quanto a uma solução a longo prazo, reiterando que a Otan é a única garantia confiável para a Ucrânia.
A questão da segurança é central na agenda do governo ucraniano, principalmente à medida que a recuperação dos territórios ocupados pela Rússia parece distante. Andrii Yermak, chefe de gabinete da Presidência ucraniana, afirmou que a Ucrânia ainda carece de forças e recursos para negociar com a Rússia.
No mesmo sentido, o presidente Volodymyr Zelensky manifestou a disposição de considerar tropas estrangeiras enquanto o processo de adesão à Otan se desenrola.
A vice-primeira-ministra Olga Stefanishina também se mostrou aberta a essa possibilidade, embora a presença de forças internacionais seja vista com reservas.
Especialistas, como Oleksiy Melnyk, do think tank Razumkov, avaliam que a presença de tropas estrangeiras poderia ser útil, especialmente em regiões mais seguras da Ucrânia, como o Oeste, para liberar as tropas ucranianas para enfrentar a linha de frente.
Para Volodymyr Fesenko, analista político, a presença de tropas de países como Polônia e Reino Unido poderia ser eficaz, mas seria um desafio dado o histórico de desconfiança em torno de intervenções internacionais, especialmente após falhas em missões anteriores, como na Bósnia.
Além disso, o cenário de guerra na Ucrânia se agrava com os ataques russos, como o mais recente à infraestrutura energética do país. Nesta sexta-feira, 13, a Rússia lançou um bombardeio massivo, com mais de 90 mísseis e quase 200 drones, atingindo principalmente as regiões de Lviv e Ivano-Frankivsk, no Oeste da Ucrânia.
A empresa Ukrenergo, responsável pela distribuição de eletricidade, informou que os ataques danificaram severamente o sistema, forçando a implementação de novos racionamentos de energia.
O presidente Zelensky confirmou que, apesar da resposta da Força Aérea ucraniana, 81 mísseis foram abatidos, assim como a maioria dos drones.
A Rússia não demonstra interesse em uma trégua, mas reafirma seu compromisso com um acordo de paz nas condições de Moscou. Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, respondeu à proposta de cessar-fogo do premiê húngaro Viktor Orbán, destacando que a Rússia só aceitará a paz quando seus objetivos forem cumpridos.
Orbán, por sua vez, insistiu em uma pausa nas hostilidades durante o Natal, mas, segundo ele, a Ucrânia rejeitou a proposta. O presidente Zelensky criticou a iniciativa de Orbán, argumentando que qualquer diálogo sobre a guerra deve contar com a participação de Kiev.