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Ucrânia cria exército de robôs para lutar na guerra contra a Rússia; veja vídeos

Meta é ter mais de 200 veículos terrestres não tripulados em operação até o final do ano para compensar a disparidade numérica de suas tropas em relação às das forças russas

O sistema robótico terrestre Liut, produzido internamente pelas Forças Armadas da Ucrânia ( Ministério da Defesa da Ucrânia)

O sistema robótico terrestre Liut, produzido internamente pelas Forças Armadas da Ucrânia ( Ministério da Defesa da Ucrânia)

Agência o Globo
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Publicado em 19 de março de 2025 às 08h17.

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A Ucrânia está construindo um exército robótico com drones rastejantes e voadores para lutar na guerra contra a Rússia. A meta é ter mais de 200 veículos terrestres não tripulados (UGVs, na sigla em inglês) em operação até o final deste ano para compensar a disparidade numérica de suas tropas em relação às das forças russas num conflito que, após três anos, pode estar próximo do fim — embora não esteja claro se o modo como isto vem sendo negociado entre o presidente americano, Donald Trump, e o chefe do Kremlin, Vladimir Putin, será de fato positivo para os ucranianos.

O primeiro ataque bem-sucedidos das forças ucranianas contra posições russas usando apenas drones terrestres e FPV (com visão em primeira pessoa) aconteceu em dezembro de 2024, tornando-se um marco para a crescente sofisticação da guerra não tripulada. Na ocasião, dezenas de sistemas robóticos e não tripulados, incluindo drones terrestres equipados com metralhadoras e drones FPV kamikaze, foram posicionados ao norte de Kharkiv, de acordo com o sargento Volodymyr Dehtiarov, da 13ª Brigada Khartiya da Guarda Nacional da Ucrânia, a força que conduziu a operação.

“Estamos falando de dezenas de unidades de equipamentos robóticos e não tripulados simultaneamente em uma pequena seção da frente de batalha”, explicou um porta-voz da 13ª Brigada, treinada pelos EUA.

Em uma coordenação de escala inédita, alguns robôs se deslocaram por terra em uma floresta coberta de neve, pouco depois do amanhecer, equipados com metralhadoras ou carregados de explosivos, enquanto outros vieram por via aérea, lançando munições e proporcionando uma visão do campo de batalha, segundo relatos do Wall Street Journal. A operação envolveu cerca de 50 veículos aéreos não tripulados e destruiu um bunker russo ao norte de Kharkiv, no leste da Ucrânia.

"Com a diminuição dos suprimentos de armas ocidentais e um adversário rico em recursos, a Ucrânia está recorrendo à tecnologia para nivelar o confronto. O que começou com a guerra de drones se expandiu para sistemas robóticos avançados, marcando um novo capítulo na guerra ucraniana contra um invasor muito maior", diz David Kirichenko, pesquisador associado no Henry Jackson Society, um centro de estudos transatlântico de política externa e segurança nacional com sede no Reino Unido.

O ataque serviu como um teste em condições reais de batalha. E embora tenha tido alguns problemas, como dificuldades iniciais de se deslocar pelo terreno, outras unidades ucranianas estão agora planejando missões semelhantes.

"As autoridades ucranianas destacaram repetidamente os esforços da Ucrânia para utilizar inovações tecnológicas e recursos de ataque assimétricos para compensar as limitações de mão de obra da Ucrânia, em contraste com a disposição da Rússia de aceitar taxas de baixas insustentáveis para ganhos territoriais marginais”, comentou o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede em Washington.


O uso de drones e veículos não tripulados terrestres têm sido essencial para a Ucrânia na guerra com a Rússia, que tem uma vantagem de cinco para um no número de soldados em algumas partes da linha de frente. Nesta terça-feira, o Ministério da Defesa codificou e autorizou oficialmente o uso do sistema robótico terrestre Liut, produzido internamente, em suas forças.

O sistema foi projetado para vigilância e apoio de artilharia. Ele está armado com uma metralhadora de 7,62 mm e é equipado com equipamentos adicionais para detectar e atacar alvos durante o dia e à noite, segundo o Ministério. As baterias do sistema têm longa duração e o operador pode controlá-lo de uma posição segura, "o que lhe permite realizar tarefas sem correr risco de vida", acrescentou.

O Liut foi o segundo sistema robótico de produção nacional adotado pelas forças ucranianas nos últimos meses. Anteriormente, foi adotado o veículo aéreo não tripulado batizado de Winfly. Apesar disso, a participação humana — seja na liderança, no planejamento ou na operação dos drones — continua sendo essencial para a Ucrânia na guerra, garantem fontes do comando militar ucraniano.

Como explicou um funcionário de Kiev: “Nós contamos as pessoas e queremos que nosso pessoal fique o mais longe possível da linha de frente”.

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