Mundo

Ucrânia assina acordo com UE em dia crucial para o leste

Ucrânia assinou hoje um acordo de associação histórico com a União Europeia, o que provocou uma dura reação da Rússia


	Petro Poroshenko: presidente propôs prolongar trégua decretada no leste da Ucrânia
 (Alain Jocard/AFP)

Petro Poroshenko: presidente propôs prolongar trégua decretada no leste da Ucrânia (Alain Jocard/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2014 às 12h11.

Bruxelas - A Ucrânia assinou nesta sexta-feira um acordo de associação histórico com a União Europeia, o que provocou uma dura reação da Rússia, pressionada pela UE para que diminua a tensão no leste separatista do país.

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, propôs prolongar o cessar-fogo decretado no leste da Ucrânia, ao mesmo tempo que exigiu a libertação dos reféns e o controle da fronteira entre seu país e a Rússia para evitar a entrada de armas, segundo uma fonte diplomática.

Contudo, o chefe de Estado ucraniano se reserva a decisão de prolongar a trégua, que expira às 19H00 GMT (16h00 no horário de Brasília), até seu retorno à Kiev ainda esta noite, segundo a agência de notícias Interfax.

Os líderes da UE, reunidos em Bruxelas, deram à Rússia até a próxima segunda-feira para que tome uma série de medidas concretas para facilitar a pacificação no leste da Ucrânia, sob pena de mais sanções, segundo um comunicado oficial da cúpula de Bruxelas divulgado nesta sexta-feira.

As medidas concretas exigidas pelos líderes da UE incluem a libertação de todos os reféns na região, o retorno às autoridades ucranianas de três postos fronteiriços, negociações sobre o plano de paz ucraniano e um mecanismo de vigilância de sua aplicação.

"Que grande dia! Provavelmente o mais importante para meu país desde a independência em 1991", declarou Poroshenko antes da assinatura deste acordo comercial, que pretende suprimir a maioria das barreiras alfandegárias entre a UE e a Ucrânia, país de 45 milhões de habitantes com importantes setores metalúrgicos e agrícolas.

O acordo de associação UE-Ucrânia é o mesmo que o antecessor de Poroshenko, o destituído Viktor Yanukovytch, se recusou a assinar em novembro, o que provocou uma onda de protestos, a queda de Yanukovytch e o conflito com a Rússia, que anexou em março a Crimeia a seu território.

Desde então, Kiev lançou uma operação militar para reprimir a insurreição separatista pró-russa no leste do país que já deixou mais de 400 mortos.

"É um grande dia para a Europa. A União Europeia está a seu lado, hoje mais do que nunca", declarou por sua vez Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu.

Na Rússia, o presidente Vladimir Putin lamentou a assinatura do acordo.


"O golpe de Estado inconstitucional em Kiev e as tentativas para impor ao povo ucraniano a escolha artificial entre Europa e Rússia empurraram a sociedade para a divisão e para um doloroso confronto interno", declarou Putin a um canal de televisão russo.

"No sudeste do país corre o sangue, há uma catástrofe humanitária em curso, milhares de pessoas fogem dos combates buscando refúgio em outros lugares, entre eles a Rússia", completou.

Consequências graves

A assinatura deste acordo acaba com as esperanças do presidente russo de incorporar a Ucrânia à recente União Econômica Euro-asiática, criada pela Rússia em parceria com outras ex-repúblicas soviéticas, Bielorrúsia e Cazaquistão.

Geórgia e Moldávia, também ex-repúblicas soviéticas, assinaram nesta sexta-feira o mesmo acordo de associação com a UE.

Mas o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Grigori Karasin, advertiu para as consequências.

A Rússia teme a entrada em seu território de produtos fabricados na UE via Ucrânia em detrimento de sua produção nacional e considera que Kiev não pode manter relações comerciais privilegiadas com Bruxelas e Moscou ao mesmo tempo.

Desta forma, o Kremlin garantiu que adotará medidas para defender sua economia no momento das consequências negativas.

Durante a campanha eleitoral, o presidente ucraniano prometeu em maio orientar a Ucrânia em direção a Europa. Poroshenko considera que este acordo é um primeiro passo para a entrada de seu país na União Europeia.

O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, assinou em março o primeiro capítulo do acordo com a UE de caráter político.

110.000 pessoas fogem da Ucrânia

Na quinta-feira, Poroshenko disse estar disposto a alcançar um acordo de paz com Putin.

Representantes de Kiev e líderes separatistas também iniciaram uma terceira rodada de negociações diretas em Donetsk, apesar de os combates continuarem.

Segundo o Exército, cinco soldados ucranianos morreram quinta-feira à noite em ataques rebeldes.

Desde o início de 2014, um total de 110.000 pessoas fugiram da Ucrânia para a Rússia e outras 54.400 optaram por abandonar suas casas e seguir para outros pontos do país, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Além disso, o presidente da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), o suíço Didier Burkhalter, comemorou a libertação de quatro observadores sequestrados no leste da Ucrânia há um mês, mas pediu a libertação dos oito funcionários que permanecem detidos.

Os quatro observadores sequestrados em 26 de maio por rebeldes pró-Rússia chegaram na quinta-feira à noite em um hotel de Donetsk, reduto dos separatistas no leste da Ucrânia.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCrise políticaEuropaRússiaUcrâniaUnião Europeia

Mais de Mundo

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições