Redação Exame
Publicado em 23 de março de 2024 às 16h55.
A guerra da Ucrânia completou dois anos em fevereiro. Kiev vem recebendo apoio financeiro bilionário do Ocidente para tentar frear as incursões de Vladimir Putin.
Um dos últimos equipamentos ucranianos que chamara a atenção foi um drone terrestre. O veículo blindado conseguiu disparar 300 tiros contra soldados russos em determinado confronto de agosto passado. Segundo reportagem do Wall Street Journal, esses robôs estão sendo usados para atingir, claro, forças inimigas, limpar e colocar minas terrestres e resgatar soldados feridos.
O drone terrestre usado no ataque, fabricado por uma empresa ucraniana, consistia em uma metralhadora Browning acoplada a um veículo que se assemelha a um quadriciclo. Após o ataque, o veículo retornou aos seus controladores remotos na 5ª Brigada de Assalto de Kiev e, desde então, foi reutilizado várias vezes.
Desde a invasão da Rússia, a Ucrânia revolucionou a guerra com o uso de drones no ar e no mar. Agora, quer fazer o mesmo com os veículos terrestres não tripulados, ou UGVs, com o objetivo de replicar a abordagem de baixo custo e do tipo "faça você mesmo".
O ministro de tecnologia e inovação da Ucrânia disse que o país quer criar um "exército de robôs". O presidente Volodymyr Zelensky falou no mês passado que os militares estabeleceriam um ramo separado para drones aéreos, marítimos e terrestres, chamado de Forças de Sistemas Não Tripulados."O UGV se tornará o próximo divisor de águas dessa guerra", disse Nataliia Kushnerska, diretora de operações da Brave1, uma agência do governo ucraniano que examina propostas de novas armas, ao WSJ.
Das mais de 1.300 propostas apresentadas à Brave1 desde o início da guerra, mais de 140 são para UGVs, disse ela. A Brave1 afirma que mais de 50 UGVs foram testados em condições semelhantes às de combate, e que a agência já concedeu 56 subsídios para 41 projetos.
Ao promover os UGVs, Kiev vê a chance de desenvolver seu próprio armamento em um momento de incerteza quanto à continuidade de ajuda que os EUA estão dispostos a dar.O uso de UGVs pela Ucrânia é um experimento de guerra que potências militares estão observando. O país já popularizou o uso de drones aéreos baratos e prontos para uso para destruir equipamentos militares muito mais caros. Também desenvolveu drones marítimos que ajudaram a afundar navios da frota russa do Mar Negro.
Os UGVs não são totalmente novos. O exército francês fabricou drones terrestres explosivos já em 1915, e os britânicos e alemães desenvolveram UGVs na Segunda Guerra Mundial. Os primeiros esforços foram considerados ineficazes devido ao custo. Desde então, os UGVs têm sido usados normalmente para o descarte de bombas.