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Ucrânia acusa Rússia de mobilizar tropas em fronteira

Acusações foram feitas depois que a Rússia mostrou seu apoio às primeiras concessões políticas concretas de Poroshenko aos separatistas pró-russos

O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, chega ao Congresso americano (Saul Loeb/AFP)

O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, chega ao Congresso americano (Saul Loeb/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2014 às 15h08.

Kiev - A Ucrânia acusou nesta quinta-feira a Rússia de mobilizar 4.000 soldados na fronteira entre a Ucrânia e a península da Crimeia, integrada em março ao território russo, horas antes de um encontro entre os presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e americano, Barack Obama, em Washington.

As acusações da Ucrânia foram feitas depois que a Rússia mostrou seu apoio às primeiras concessões políticas concretas de Poroshenko aos separatistas pró-russos para tentar solucionar o conflito no leste da Ucrânia.

"Segundo nossas informações, quase todas as unidades militares da Federação Russa estacionadas no norte da Crimeia ocupada, cerca de 4.000 soldados, foram concentradas na fronteira administrada com a Ucrânia com seus equipamentos e munições", disse à imprensa o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança e Defesa, Andrei Lysenko.

O ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, havia anunciado anteriormente que Moscou planejava reforçar seu dispositivo militar na zona da Crimeia devido ao agravamento da crise na Ucrânia e ao aumento de forças estrangeiras perto da fronteira russa.

Kiev teme a criação de uma zona sob controle dos separatistas pró-russos desde a fronteira entre Rússia e Ucrânia, a leste, até a fronteira com a Crimeia, ao sul. Segundo a Otan, a Rússia mobilizaria 20.000 soldados em sua fronteira com a Ucrânia e também contaria com outros 1.000 militares no leste do país.

Os países ocidentais, que adotaram sanções especialmente contra o setor energético e bancário russo, acusam a Rússia de apoiar militarmente os separatistas pró-russos, alegações que Moscou desmente.

Nesse sentido, o presidente russo, Vladimir Putin, indicou nesta quinta-feira que estas sanções violam os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A Comissão Europeia, por sua vez, negou-se a comentar nesta quinta-feira informações da imprensa segundo as quais Putin teria advertido que as tropas russas, se ele quisesse, poderiam "não apenas estar em Kiev em dois dias, mas também em Riga, Vilnius, Tallin, Varsóvia ou Bucareste".

"Não fazemos diplomacia através da imprensa, e não discutimos fragmentos de uma conversa confidencial", indicou a porta-voz da Comissão, Pia Ahrenkilde-Hansen.

O jornal alemão Suddeutsche Zeitung informou nesta quinta-feira que o presidente ucraniano, Petro Poroshenkoo, contou ao presidente da Comissão, José Manuel Barroso, na última sexta-feira que Putin fez este comentário em uma conversa recente.

Aproximação com o Ocidente

Após sua eleição como presidente, há cinco meses, Poroshenko multiplica os gestos simbólicos e políticos para ancorar Kiev na Europa e para tentar colocar fim a um conflito com os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, onde mais de 2.900 pessoas morreram em cinco meses.

Nos Estados Unidos, o presidente ucraniano busca obter um status especial de aliado não membro da Aliança Atlântica, uma perspectiva vista com maus olhos por Moscou. Na véspera, no Canadá, o primeiro-ministro, Stephen Harper, mostrou-se favorável à ideia de que a Ucrânia estabeleça laços sólidos com a Otan.

Este encontro crucial com Obama, que representa um novo gesto de aproximação desta ex-república soviética com o Ocidente, ocorre após a ratificação na terça-feira pelo Parlamento ucraniano do Acordo de Associação com a União Europeia.

As leis adotadas na terça-feira, elogiadas por UE, Estados Unidos, OSCE e Moscou, também concretizaram o que havia sido estabelecido no protocolo de Minsk, assinado em 5 de setembro, entre os separatistas e Kiev.

Os parlamentares ucranianos acordaram um status especial para as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, assim como a realização de eleições no dia 7 de dezembro e uma lei de anistia com condições para os combatentes.

Até o momento, os separatistas parecem ter ignorado a mão estendida das autoridades ucranianas, apesar de terem ratificado o acordo de Minsk.

O líder pró-russo da autoproclamada "República Popular de Donetsk", Alexandre Zajarchenko, afirmou que os separatistas rejeitavam a organização de eleições por parte de Kiev. "Temos nosso próprio conselho supremo e decidiremos quais eleições organizar e em que data", afirmou.

A reação dos separatistas pró-russos coloca em xeque a influência sobre eles de Moscou, que sempre negou formar parte do conflito.

Uma nova rodada de negociações para buscar uma solução para a crise ucraniana irá ocorrer em Minsk na sexta-feira, informou nesta quninta-feira o ministério das Relações Exteriores de Belarus.

"Confirmamos que uma reunião irá ocorrer", declarou um porta-voz à AFP, sem fornecer a hora exata do encontro do chamado Grupo de Contato, que inclui representantes de Rússia, Ucrânia, separatistas e OSCE.

Apesar do cessar-fogo alcançado no dia 5 de setembro, os confrontos esporádicos prosseguiam nesta quinta-feira. Três salvas de foguetes Grad, lançadas aparentemente pelo exército ucraniano contra posições rebeldes, caíram na localidade de Zuivka, a leste de Donetsk.

A Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) anunciou, por sua vez, a duplicação de seus observadores mobilizados na Ucrânia, a um total de 500.

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