Sewol afunda: sindicatos acusam presidente de manipular notícias sobre o naufrágio (KIM HONG-JI/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2014 às 09h42.
Seul - Os sindicatos da emissora pública da Coreia do Sul "KBS" iniciaram nesta quinta-feira uma greve por tempo indeterminado que reivindica a saída do presidente da emissora, a quem acusam de manipular as notícias sobre o naufrágio da embarcação Sewol por ordem do governo.
Após dez dias em que parte dos trabalhadores boicotaram os noticiários da emissora em uma greve parcial, finalmente as duas organizações sindicais que os representam optaram por declarar oficialmente a paralisação total.
Os sindicatos, que contam com o apoio majoritário dos trabalhadores, tinham ameaçado fazer greve caso hoje a direção fracassasse em aprovar uma moção apresentada pelos representantes da oposição para destituir o presidente Gil Hwan-young.
A junta decidiu hoje, finalmente, adiar em uma semana a votação sobre a proposta, o que desencadeou a ação dos sindicatos.
A greve na "KBS" poderia afetar a programação da maior e mais representativa rede de televisão da Coreia do Sul, que tem cinco mil funcionários.
A tensão no canal público, no qual os sindicatos são muito ativos e mantêm constantes lutas com a direção, explodiu em meados de mês depois de um ex-diretor de noticiários revelar que o governo ordenou a manipulação da informação no telejornal.
O ex-diretor Kim Se-gon acusou a presidência de ter exigido diretamente ao presidente da KBS que vetasse as notícias negativas e criasse outras positivas sobre o governo e a chefe de Estado, Park Geun-hye, em relação ao naufrágio do ferri Sewol, que matou 304 pessoas.
Desde 16 de abril quando o trágico acidente aconteceu as críticas de má gestão ao governo derrubaram a confiança da população, o que, segundo os sindicatos da KBS, levou o executivo a manipular a informação para melhorar sua imagem no principal meio de comunicação da Coreia do Sul.