Biden e Trump: documentário The Choice 2020: Trump vs. Biden entrevistou gente próxima dos candidatos para levantar aspectos da intimidade dos dois (Montagem EXAME. (Foto Biden: Stefani Reynolds. Foto Trump: Bloomberg)/Exame)
Leo Branco
Publicado em 22 de setembro de 2020 às 06h18.
A eleição presidencial dos Estados Unidos costuma respeitar tradições repetidas pleito após pleito. Uma delas é a apresentação de documentários na tevê aberta americana com a trajetória dos candidatos sob a perspectiva de familiares deles. É uma espécie de Arquivo Confidencial, quadro do programa Domingão do Faustão com a intimidade de celebridades brasileiras, aplicado à lógica da corrida presidencial americana.
Talvez o mais aguardado desses programas é o Frontline, que deve ser exibido nesta terça-feira à noite exibido pela tevê pública americana PBS. O documentário com duas horas de duração deve estar disponível online no site pbs.org/frontline a partir das 23 horas (horário de Brasília).
Dirigido pelo documentarista Michael Kirk, veterano da cobertura eleitoral americana desde os anos 80, o episódio The Choice 2020: Trump vs. Biden entrevistou gente próxima dos candidatos para levantar aspectos da intimidade dos dois.
Pelo lado do presidente republicano Donald Trump, um dos pontos altos deve ser a conversa com a psicóloga Mary Trump, sobrinha do presidente, autora do livro publicado em julho Too Much and Never Enough (Muito e ainda não o suficiente, numa tradução livre), ainda inédito no Brasil. Na obra, Mary usa memórias de família para descrever o que considera um caráter "sociopata" do atual presidente americano. No programa desta terça, a expectativa é de mais revelações sobre o passado de Trump sob a perspectiva da sobrinha desafeto do presidente.
Pelo lado do democrata Joe Biden, que lidera as pesquisas eleitorais, o destaque é o depoimento da irmã Valerie Biden Owens, testemunha das tragédias pessoais enfrentadas pelo candidato. Em 1972, Biden perdeu a mulher e a filha de 1 ano de idade num acidente de carro. Em 2015, outro filho do democrata, Beau, sobrevivente do acidente de trânsito quatro décadas atrás, morreu após anos de luta contra um câncer.
Resta saber se os depoimentos de familiares e de gente próxima dos candidatos pode mudar o resultado de uma das corridas eleitorais mais polarizadas da história dos Estados Unidos. Ontem, num comício no estado do Wisconsin, onde a disputa está mais embolada, Biden fez duras críticas à resposta de Trump para a pandemia. Além disso, criticou a pressa do presidente republicano em substituir a juíza da Suprema Corte americana Ruth Bader Ginsburg, notória defensora de causas consideradas progressistas, como o aborto e o casamento gay. Ruth faleceu na sexta-feira, 18, aos 87 anos, vítima de um câncer no pâncreas.
Sobre o assunto, Trump, tomou uma atitude inusitada a respeito da escolha do novo membro da Suprema Corte nesta segunda-feira. Num comício em Ohio, outro estado importantíssimo para a disputa neste ano, o presidente republicano fez uma enquete improvisada com a audiência sobre quem deveria suceder Ruth. Ganhou a opção de outra mulher para o cargo, mas, neste caso, uma candidata com visões mais conservadores sobre o país.
Três mulheres com este perfil lideram a bolsa de apostas para suceder Ruth: Barbara Lagoa, ex-procuradora federal e primeira juíza hispânica na Suprema Corte da Flórida; Amy Coney Barrett, uma das integrantes do Tribunal de Apelações (espécie de Tribunal de Justiça) em Illinois; e Kate Comerford Todd, conselheira da Casa Branca.