Erdogan: a medida é tomada graças às prerrogativas do estado de emergência estabelecido após a fracassada tentativa de golpe (Yasin Bulbul/Presidential Palace/Handout/Reuters)
EFE
Publicado em 26 de abril de 2017 às 18h19.
Istambul - O governo da Turquia anunciou nesta quarta-feira a suspensão de 9.103 policiais por supostos vínculos com a rede do clérigo islamita Fethullah Gülen, a quem Ancara acusa de organizar a tentativa de golpe de Estado de julho do ano passado.
A medida é tomada graças às prerrogativas do estado de emergência estabelecido após a fracassada tentativa de golpe, que permite ao governo turco efetuar ações excepcionais para garantir a segurança.
Cerca de 2.500 policiais suspensos estavam alocados em Istambul e outros 1.350 em Ancara, enquanto os demais estavam destacados em outras províncias do país.
Este novo expurgo em massa de funcionários aconteceu horas depois da detenção de pelo menos 1.120 pessoas - em sua maioria policiais e outros agentes das forças de segurança - por supostos vínculos com a rede gülenista.
Após as primeiras detenções, o ministro do Interior turco, Süleyman Soylu, declarou que as forças de segurança e o aparelho judicial "deram um passo importante para descobrir e destruir uma estrutura que infelizmente se infiltrou em nossa direção de segurança".
Gülen foi até 2013 um estreito aliado do islamita Partido de Justiça e Desenvolvimento (AKP), no poder desde 2002 em Turquia.
Divergências de estratégia e disputas internas terminaram acabaram fazendo os gülenistas e o AKP se transformarem em inimigos irreconciliáveis.
O AKP pediu a extradição de Gülen (autoexilado nos Estados Unidos) e começou a expurgar o governo de supostos membros da confraria antes do fracassado golpe de Estado, mas, após a tentativa, a perseguição se intensificou.
Ainda que Gülen tenha negado qualquer envolvimento na tentativa de golpe, a polícia turca deteve amais de 110.000 pessoas ligadas ao gülenismo desde então.
Entre as mais de 40.000 pessoas que esperam julgamento atrás das grades há 10.000 policiais, 7.000 soldados e 168 generais, bem como 2.000 juízes e procuradores, segundo informou o ministro de Interior turco no início deste mês.
Por outro lado, o governo turco suspendeu por meio de decreto 140.000 funcionários públicos por supostos vínculos com a organização islamita.