Turquia: o comunicado preliminar acusa os EUA de encorajar os crimes de Israel (Kemal Aslan/Reuters)
AFP
Publicado em 18 de maio de 2018 às 11h09.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que tem criticado Israel desde o banho de sangue na Faixa de Gaza, recebeu nesta sexta-feira os líderes do mundo muçulmano para condenar o Estado hebreu, mas poucas medidas concretas são esperadas, devido a divisões.
Esta "cúpula extraordinária" da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) deve começar às 15h45 GMT (11h45 de Brasília) e será presidida por Erdogan em Istambul.
Os ministros das Relações Exteriores dos países da OCI reuniram-se pela manhã em Istambul para elaborar o comunicado final a ser adotado pelos líderes ao final da cúpula.
O comunicado preliminar pede "proteção internacional ao povo palestino" e "condena as ações criminosas das forças israelenses contra civis desarmados" na Faixa de Gaza, indicaram à AFP os participantes.
O texto também acusa o governo dos Estados Unidos de "encorajar os crimes de Israel e protegê-lo" e denuncia a transferência da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém.
Erdogan, que expressou duras críticas contra Israel após a morte na segunda-feira de 60 palestinos por tiros israelenses em Gaza, disse que espera que a OCI envie "uma mensagem forte" na reunião de Istambul.
A Turquia presidente atualmente o grupo, que já havia se reunido em Istambul em dezembro, a pedido de Erdogan, para condenar a decisão do presidente Donald Trump de transferir a embaixada americana para Jerusalém.
O massacre em Gaza ocorreu quando milhares de palestinos se manifestavam perto da barreira de segurança no dia da inauguração da nova embaixada.
Erdogan é um firme defensor da causa palestina e não esconde seu apoio ao movimento islâmico palestino Hamas, no poder em Gaza.
Este discurso é o mesmo do eleitorado tradicional de Erdogan, candidato à sua própria sucessão nas eleições antecipadas marcadas para 24 de junho.
Em Genebra, nesta sexta-feira, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, disse que a resposta de Israel aos protestos palestinos foi "totalmente desproporcional" e pediu uma investigação internacional independente.
O encontro em Istambul ocorre num momento em que o mundo árabe-muçulmano está repleto de divisões e rivalidades que tornam improvável qualquer passo concreto sobre Israel.
A Arábia Saudita, cujo ministro das Relações Exteriores Adel al-Jubeir é esperado em Istambul, e seus aliados no Golfo, bem como o Egito, têm uma visão negativa do apoio da Turquia a movimentos como a Irmandade Muçulmana e o Hamas, e ao Catar, que eles procuram isolar.
Riad e seus aliados também relutam quanto a possíveis ações que poderiam irritar Washington, que eles esperam apoio para conter o Irã xiita.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, que passou por uma cirurgia no ouvido na semana passada, não comparecerá à reunião. Ele será representado pelo primeiro-ministro Rami Hamdallah.
Entre os chefes de Estado esperados em Istambul estão o rei Abdullah da Jordânia, o presidente iraniano Hassan Rohani, o sudanês Omar al-Bashir e os emires do Catar e Kuwait.