Bombas de gás lacrimogêneo durante protesto na praça Taksim: parlamentares da oposição criticaram projeto de lei como politicamente motivado (REUTERS/Murad Sezer)
Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2013 às 14h36.
Istambul - O partido AK do primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, agiu nesta quarta-feira pra conter a força de um grupo de arquitetos envolvido nas semanas de duros protestos antigoverno, fazendo com que oposição o acuse de lançar uma vendeta contra os manifestantes.
Sob um projeto de lei patrocinado pelo governo, a Câmara de Arquitetos e Engenheiros Turcos (TMMOB), que representa cerca de 400.000 profissionais, vai perder seu poder de dar a aprovação final a projetos de planejamento urbano, uma fonte de renda para o grupo.
Arquitetos da TMMOB abriram um processo contra os planos de reurbanizar o Parque Gezi de Istambul, a questão no centro dos primeiros protestos contra Erdogan - visto por seus críticos como cada vez mais autoritário -, que cresceram e se transformaram em ações por todo o país.
Um tribunal cancelou o projeto de reurbanização, mas as autoridades podem apelar da decisão.
Parlamentares da oposição criticaram o novo projeto de lei como politicamente motivado, destacando o apoio da TMMOB ao Taksim Solidarity, um grupo que reúne ativistas e organizações não governamentais.
"O governo está tentando fazer com que a TMMOB... pague por todos aqueles eventos que afetaram a Turquia", disse ao Parlamento em Ancara Akif Hamzacebi, parlamentar do principal partido da oposição, o Partido Popular Republicano (CHP).
O Ministério do Meio Ambiente minimizou a importância das acusações e negou qualquer motivação política.
"(O projeto de lei)... não deveria ser associado aos eventos do mês passado no Parque Gezi", disse o ministério em um comunicado.
A polícia deteve dezenas de integrantes da TMMOB durante um protesto no centro de Istambul na noite de segunda-feira. A TMMOB disse na quarta-feira que quatro de seus membros continuavam sob custódia policial.
O número de mortos dos protestos contra o governo de Erdogan, que já duram semanas, subiu para cinco nesta quarta-feira, depois que uma pessoa ferida em uma manifestação na cidade de Eskisehir em 2 de junho morreu no hospital.