Erdogan: o "Mães dos Sábados" se reúne desde 1995 a cada semana na praça Galatasaray em Istambul (Umit Bektas/Reuters)
EFE
Publicado em 27 de agosto de 2018 às 14h46.
Istambul - A manifestação semanal das "Mães dos Sábados", grupo que pede justiça para seus familiares desaparecidos nos anos 80 e 90, foi proibida por ser "uma cobertura de grupos terroristas", afirmou nesta segunda-feira o ministro do Interior da Turquia, Süleyman Soylu.
"Não permitimos o protesto. Porque a partir de agora queremos pôr fim a este abuso e este engano hipócrita. Deveríamos fechar os olhos quando uma organização terrorista se aproveita das mães e as transforma em sua cobertura?", disse o ministro, segundo emissora "CNNTürk".
O "Mães dos Sábados", coletivo inspirado nas Mães da Praça de Maio na Argentina, se reúne desde 1995 a cada semana na praça Galatasaray de Istambul para exigir justiça para centenas de desaparições forçadas nas décadas de 1980 e 1990.
Trata-se na sua maioria de curdos, frequentemente camponeses, mas também estudantes, que desapareceram após o golpe militar de 1980 e durante a denominada "guerra suja" entre as forças do Estado e a guerrilha curda, o proscrito PKK, nos anos 90.
No último sábado seria realizado o encontro semanal número 700, mas a polícia dissolveu a concentração com jatos de água e gás lacrimogêneo e deteve 23 pessoas.
Hoje Soylu afirmou que os desaparecidos eram membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) ou de organizações armadas de extrema-esquerda, por isso prestar homenagens equivale a uma apologia do terrorismo.
"Deveríamos fechar os olhos quando incentivam nossos filhos a se filiar a organizações terroristas, dizendo-lhes que serão lembrados no centro de Istambul?", se perguntou o ministro.
Em entrevista coletiva realizada hoje, os organizadores dos protestos anunciaram que continuarão com suas manifestações semanais.
"Agradecemos obviamente aos que virão ao encontro número 701", disse uma das responsáveis do "Mães dos Sábados".