Turquia: dos 486 acusados, 461 estão detidos, sete foragidos e os demais comparecem ao julgamento em liberdade (Tumay Berkin/Reuters)
AFP
Publicado em 1 de agosto de 2017 às 08h22.
Última atualização em 1 de agosto de 2017 às 08h25.
Quase 500 pessoas acusadas de participação no golpe de Estado frustrado de julho de 2016 na Turquia começaram a ser julgadas nesta terça-feira por suspeita de conspiração contra o governo, sob importantes medidas de segurança, perto de Ancara.
O processo dos 486 réus acontece em uma sala preparada especialmente preparada para o julgamento, com capacidade para 1.500 pessoas, dentro da penitenciária de Sincan, perto da capital turca.
Os acusados são suspeitos de organizar o golpe de Estado frustrado contra o presidente, Recep Tayyip Erdogan a partir da base aérea de Akinci, ao noroeste de Ancara, apresentada como o centro de comando dos golpistas.
Dezenas de manifestantes se reuniram nas imediações da penitenciária, ante um grande dispositivo de segurança, e alguns exigiam a pena de morte para os acusados.
Durante a transferência dos suspeitos para a sala de audiências, os manifestantes vaiaram e jogaram garrafas vazias.
A acusação afirma que os suspeitos organizaram o golpe na base aérea de Akinci, ao noroeste de Ancara, a partir de onde foram emitidas ordens para bombardear o Parlamento e o palácio presidencial na madrugada de 15 para 16 de julho do ano passado.
Dos 486 acusados, 461 estão detidos, sete foragidos e os demais comparecem ao julgamento em liberdade.
O principal acusado é o líder religioso Fethullah Gülen, que será julgado à revelia. O clérigo, apontado pelo governo como o responsável pela tentativa de golpe, mora no exílio na Pensilvânia, Estados Unidos, e nega todas as acusações.
Adil Oksuz, considerado o líder operacional do golpe frustrado, está foragido. Pouco depois da intentona ele foi detido, mas acabou liberado por ordem de um juiz.
O empresário Kemal Batmaz, detido em uma prisão de Ancara, e o ex-comandante da Aeronáutica Akin Ozturk comparecem como acusados.
Os réus enfrentam acusações de homicídio, violação da Constituição e tentativa de assassinato contra o presidente Recep Tayyip Erdogan.
As autoridades mobilizaram um amplo dispositivo de segurança, com 1.130 agentes dentro e fora da sala de audiência. A operação também conta com veículos blindados, franco-atiradores e um drone de vigilância.
Em maio, outro processo contra quase 200 acusados de participação na tentativa de golpe aconteceu sob fortes medidas de segurança. Na ocasião, grupos de manifestantes também pediram a pena de morte para os réus.
Em fevereiro, o mesmo local recebeu um processo similar contra 330 pessoas.
Durante a tentativa de golpe morreram quase 250 pessoas, sem considerar as pessoas envolvidas no intentona que faleceram.
Vários processos foram abertos nos últimos meses e quase 50.000 pessoas acusadas de serem partidárias de Gülen foram detidas.