Tanques: 450 membros do exército turco estiveram em terra no primeiro dia da ofensiva (Umit Bektas/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2016 às 10h01.
A Turquia enviou nesta quinta-feira ao menos uma dezena de tanques adicionais ao norte da Síria, um dia após uma ofensiva relâmpago na qual expulsou o grupo Estado Islâmico (EI) de Jarablos, cidade situada perto da fronteira turca.
Os veículos de combate se somarão aos que já cruzaram a fronteira na quarta-feira na chamada operação "Escudo do Eufrates", com a qual a Turquia pretende expulsar de sua fronteira com a Síria o EI e a milícia curda.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse na quarta-feira que a ofensiva havia expulsado os extremistas de Jarablos, e os rebeldes apoiados por Ancara afirmaram que os extremistas se retiraram ao sul, à cidade de Al Bab.
O novo contingente de tanques cruzou a estrada a oeste da cidade fronteiriça turca de Karkamis, seguido de uma dezena de veículos armados, segundo um fotógrafo da AFP.
Durante a operação, a mais ambiciosa lançada pela Turquia nos cinco anos e meio de conflito na Síria, foram mobilizadas as forças especiais de terra, enquanto os jatos disparavam a partir do ar contra alvos do EI.
Os bombardeios aéreos servem de apoio aos centenas de rebeldes sírios que na quarta-feira entraram em Jarablos e em outra localidade próxima depois de encontrar pouca resistência.
"A oposição síria (combatentes) já está assentada em Jarablos e começou a tomar o controle de cidades e povoados" próximos, disse o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, à rede de televisão Haberturk.
A aparente eficiência da operação também representa um golpe de efeito para a reputação do exército turco, abalada depois da tentativa de golpe de julho e do expurgo em massa que se seguiu em suas forças, que terminaram com a demissão e a detenção de milhares de militares.
"Mais de 15.000 tropas"
Até o momento não se sabe se a mobilização de novos veículos de combate responde a uma tentativa de garantir o não retorno do EI a Jarablos ou a ajudar os rebeldes a seguir conquistando novos territórios, embora um oficial turco tenha dito na quarta-feira que Ancara "continuará as operações até estar convencida de que a ameaça iminente contra a segurança nacional foi neutralizada".
O militar enfatizou o fato de os rebeldes estarem à frente da iniciativa e ressaltou que o papel da Turquia é "facilitar o avanço".
O colunista do jornal Hurriyet Daily, Abdulkadir Selvi, conhecido por suas boas fontes, disse que o objetivo da operação inclui criar uma zona de segurança livre de "grupos terroristas" e limitar os avanços da milícia curda.
Também afirmou que 450 membros do exército turco estiveram em terra no primeiro dia da ofensiva, mas que este número pode subir a 15.000.
Citando fontes militares, o Hurriyet Daily afirma que uma centena de extremistas perderam a vida e o exército turco não teve nenhuma baixa.
Os rebeldes sírios, por sua vez, tiveram um morto e uma dezena de feridos, segundo a agência de notícias Anatolia.
Advertência dos EUA às YPG
Mas, além de expulsar o EI, Erdogan insistiu que a ofensiva pretende fazer com que as Unidades de Proteção Populares (YPG), a milícia curda, também ativa na zona, retrocedam.
A Turquia considera as YPG um grupo terrorista que busca a independência da região curda síria.
A hostilidade de Ancara às YPG conta com a oposição de seu aliado na Otan, Estados Unidos, que trabalham com o grupo em terra em seu combate ao EI.
Apesar disso, o vice-presidente americano, Joe Biden, em visita à Turquia na quarta-feira, quis deixar claro que Washington ordenou que a milícia curda não ultrapasse o Eufrates.
Nesta quinta-feira, o ministro turco da Defesa, Fikri Isik, insistiu que a "Turquia tem todo o direito de intervir" se as forças curdas não se retirarem rapidamente a leste do rio.