Homem durante protestos na Turquia contra golpe militar: o objetivo é enfrentar as correntes golpistas no país e combater "a ameaça à democracia" (Defne Karadeniz/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de julho de 2016 às 22h06.
Istambul - O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, declarou estado de emergência nesta quarta-feira, ao mesmo tempo em que ampliou a repressão contra milhares de integrantes das forças de segurança, do Judiciário, do funcionalismo público e das universidades, depois do fracasso de um golpe militar.
Erdogan afirmou que o estado de emergência, que duraria por três meses, permitirá que o seu governo tome medidas ágeis e efetivas contra os que apoiaram o golpe, e que o ato estava previsto na Constituição.
O estado de emergência começaria a vigorar depois de publicado no diário oficial turco e permitirá que o presidente e o seu gabinete aprovem novas leis sem a necessidade de passar pelo Parlamento, além de limitar ou suspender direitos e liberdades, caso considerem necessários.
Erdogan fez o anúncio em transmissão ao vivo pela TV, em frente aos seus ministros, depois de uma reunião de quase cinco horas com o Conselho Nacional de Segurança.
"O objetivo da declaração do estado de emergência é permitir a tomada de passos rápidos e efetivos contra essa ameaça a nossa democracia, o Estado de Direito e os direitos e liberdades de nossos cidadãos”, afirmou Erdogan.
Cerca de 60 mil soldados, policiais, juízes, funcionários públicos e professores foram suspensos, detidos ou estão sob investigação desde a tentativa de golpe militar de sexta-feira.
O golpe fracassado e a repressão que se seguiu desestabilizaram o país de 80 milhões de habitantes, que faz fronteira com o caos sírio e é aliado do Ocidente contra o Estado Islâmico.
Antes de anunciar o estado de emergência, Erdogan disse que a varredura ainda não havia terminado e que ele acreditava que países estrangeiros poderiam estar envolvidos na tentativa para derrubá-lo.
Falando por intermédio de um intérprete numa entrevista ao canal Al Jazeera, Erdogan rejeitou as sugestões de que estava se tornando autoritário e de que a democracia turca estava sob ameaça.
"Nós vamos permanecer dentro de um sistema parlamentar democrático. Não vamos nunca nos desviar disso”, disse.
Nesta quarta, professores universitários foram proibidos de viajar para o exterior, no que uma autoridade turca disse que era uma medida temporária para evitar que supostos conspiradores nas universidades fugissem. O TRT, canal de TV estatal, afirmou que 95 professores foram retirados dos seus postos somente na Universidade de Istambul. Erdogan acusa uma rede de seguidores do clérigo Fethullah Gulen, que mora nos Estados Unidos, pela tentativa de golpe, na qual mais de 230 pessoas foram mortas.