Secretário de estado dos Estados Unidos, John Kerry: "Nosso governo é quem decide onde e quando nosso primeiro-ministro ou um dirigente turco vai", declarou vice-premier e porta-voz do governo turco, Bulent Arinç. (Gary Cameron/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de abril de 2013 às 15h20.
Ancara - O vice-premier e porta-voz do governo turco, Bulent Arinç, afirmou nesta segunda-feira ser "diplomaticamente incorreta" a declaração do secretário de Estado americano, John Kerry, que, no domingo, pediu ao primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, que adiasse sua visita a Gaza.
"Nosso governo é quem decide onde e quando nosso primeiro-ministro ou um dirigente turco vai", declarou Arinç à imprensa.
Na véspera, Kerry recomendou que Tayyip Erdogan adiasse sua visita a Gaza num "momento crítico" para o futuro do processo de paz no Oriente Médio.
Um dia depois de uma reunião, em Istambul, dos países do grupo Amigos da Síria, Kerry tentou retomar as discussões de paz entre Israel e os palestinos, paralisadas há anos.
Durante um encontro com o premier turco, que deseja tornar um interlocutor indispensável na região, o chefe da diplomacia americana quis reduzir a tensão entre os palestinos causada pela visita do mesmo à Faixa de Gaza, prevista para maio.
Sua presença na região, governada pelo movimento islamita Hamas, não agrada ao presidente palestino, Mahmud Abbas, chefe da facção rival Fatah, que considera que a mesma irá avivar a divisão entre os palestinos.
Após uma reunião com Erdogan, Kerry indicou que lhe havia sugerido, com insistência, que adiasse seus planos. "Acreditamos, verdadeiramente, que seria melhor o adiamento, por diferentes motivos. Acreditamos que o momento seja especialmente crítico, que seria mais proveitoso aguardar as circunstâncias adequadas", disse.
A recomendação do secretário de Estado irritou o Hamas, e seu porta-voz, Sami Abu Zuhri, acusou Kerry e Abbas de quererem "manter o bloqueio a Gaza".
Após vários adiamentos, Erdogan confirmou, no começo do mês, sua intenção de visitar Gaza, a fim de "ajudar a levantar o embargo e o bloqueio" decretados por Israel contra a região.