Caso Khashoggi: procurador sauditas garantiu que o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, não estava a par do crime (Osman Orsal/Reuters)
EFE
Publicado em 15 de novembro de 2018 às 12h35.
Última atualização em 15 de novembro de 2018 às 12h36.
Istambul - As declarações da procuradoria da Arábia Saudita, que especifica detalhes do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul, são "insatisfatórias", segundo declarou nesta quinta-feira o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavusoglu.
"Quero dizer que considero algumas das declarações (da promotoria) insatisfatórias", disse o chefe da diplomacia turca à agência "Anadolu".
O procurador-geral saudita, Saud al Mojeb, anunciou em Riad que pediu a pena de morte para cinco pessoas que confessaram ter participado no assassinato de Khashoggi e que apresentou acusações contra outras seis. Além disso, garantiu que o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, não estava a par do crime.
Mojeb explicou que ocorreu uma "briga" no consulado entre o jornalista e agentes, que o injetaram "um sonífero", o que causou a sua morte.
"Depois de assassiná-lo, o corpo foi cortado em pedaços pelos assassinos e levado para fora do consulado", onde foi entregue a um "colaborador turco", explicou o procurador.
Çavusoglu expôs hoje vários pontos que considerava contraditórios e insistiu que tudo se tratou de um assassinato premeditado e planejado.
"O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita me ligou meia hora antes das declarações da procuradoria. Eles nos dizem que agora há 11 pessoas em prisão preventiva. Antes, havia 18. Para cinco dessas 11 foi pedida a pena de morte. As outras estão em liberdade por quê?", questionou Çavusoglu.
"Quero dizer que aqui há várias declarações que não me parecem satisfatórias. Dizem que tudo ocorreu quando esta pessoa resistiu para que não o levassem outra vez ao seu país, mas era algo planejado. Caso contrário, não entendo por que esquartejaram o corpo. Levaram de antemão os instrumentos necessários para matá-lo e esquartejá-lo", ressaltou o ministro turco.
"Onde está o corpo de Khashoggi? É preciso revelar o responsável, quem deu as instruções. Não se pode fechar o processo assim. Seguiremos o assunto", concluiu Çavusoglu.
Embora no início a Turquia tenha proposto que o caso Khashoggi fosse julgado em Istambul, ontem o ministro das Relações Exteriores turco propôs uma investigação internacional.
"No início, dissemos que estávamos formando um grupo de trabalho com a Arábia Saudita e que não tínhamos planos de levar o caso a um tribunal internacional. Mas na fase atual acreditamos que uma investigação internacional é necessária", disse Çavusoglu no Parlamento.
"Mostramos as provas a todos que quisessem vê-las. Essas provas, coletadas por nossas forças de segurança, legistas, serviços secretos e o Ministério do Interior, devem ser mostradas à comunidade internacional", disse o ministro. EFE