Assentamento israelense na Cisjordânia ocupada em 30/01/2017 (Ronen Zvulun/Reuters)
EFE
Publicado em 7 de abril de 2019 às 09h40.
Ancara - O Governo da Turquia, que mantém relações com Israel, condenou neste domingo a promessa do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de anexar - caso seja reeleito - parte da Cisjordânia ocupada.
"A Cisjordânia é território palestino ocupado por Israel em violação ao direito internacional", afirmou na rede social Twitter o ministro de Relações Exteriores turco, Mevlüt Cavusoglu. "A declaração irresponsável do primeiro-ministro Netanyahu em busca de votos antes das eleições gerais não pode e nem mudará este fato", acrescentou o chefe da diplomacia turca.
Por sua vez, Ibrahim Kalin, o porta-voz do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou hoje que as palavras de Netanyahu "solapam" a solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino. "Se for reeleito, este será o triunfo da democracia ou da ocupação? As democracias ocidentais vão reagir ou seguirão consentindo? Todos são vergonhosos", acrescentou o porta-voz.
Na terça-feira, Netanyahu afirmou em entrevista televisionada que, se ganhar as eleições de 9 de abril, poderia iniciar a anexação de partes do território palestino ocupado da Cisjordânia.
Perguntado no "Canal 12" sobre por que não ordenou a anexação de dois assentamentos perto de Jerusalém (Ma'aleh Adumim e Gush Etzion) durante seus dez anos à frente do Governo, Netanyahu respondeu: "Quem disse que não vou fazer?".
Após destacar que conseguiu que os Estados Unidos reconhecem a soberania israelense sobre as Colinas do Golã (Síria) ocupadas por Israel desde 1967, afirmou que seguirá "adiante com a próxima fase. Sim, estenderei a soberania", prometeu.
Cerca de 400 mil colonos israelenses vivem na Cisjordânia ocupada, enquanto outros 200 mil na parte oriental (palestina) de Jerusalém.
Turquia mantém relações diplomáticas e comerciais com Israel há décadas, embora há anos estes contatos tenha esfriado e as trocas de acusações entre o Governo islamita turco de Erdogan, e o direitista israelense de Netanyahu, são frequentes.
Israel costuma responder às críticas turcas pela ocupação de Cisjordânia lembrando a repressão turca dos curdos e a invasão turca do Chipre em 1974, onde estabeleceu a chamada "República Turca do Norte do Chipre", que não é reconhecida por nenhum país, menos pela Turquia. EFE