Numan Kurtulmus: durante as duas últimas semanas, mais de 18.000 pessoas foram detidas (Kayhan Ozer/Presidential Palace/Handout/Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de agosto de 2016 às 10h35.
Dirigentes turcos admitiram pela primeira vez, nesta segunda-feira, que podem ter acontecido "erros" nas punições em massa realizadas após o golpe de Estado frustrado, medidas que foram amplamente criticadas pela comunidade internacional.
"Se aconteceram erros, corrigiremos", disse o vice-primeiro-ministro, Numan Kurtulmus, no que representa uma nova posição da Turquia a respeito dos expurgos em massa que as autoridades aplicam no exército, Judiciário, sistema de ensino e meios de comunicação desde a tentativa de golpe de Estado de 15 de julho.
"Os cidadãos que não têm ligação com eles (os simpatizantes do pregador Fethullah Gülen, a quem Ancara acusa de instigar a revolta) devem ficar tranquilos porque nenhum mal será feito a eles", completou Kurtulmus em uma entrevista coletiva.
Mas os que estão vinculados ao imã, exilado nos Estados Unidos, "têm que ter medo. Pagarão o preço", reiterou o vice-primeiro-ministro ao falar sobre os simpatizantes de Gülen, que teve a extradição solicitada por Ancara a Washington.
Um pouco antes, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, também afirmou que existia a possibilidade de que na caça às bruxas tenham sido cometidos abusos.
"Estamos aplicando um trabalho rigoroso sobre os que foram destituídos", disse o chefe de Governo.
"Alguns deles foram vítimas de processos injustos", admitiu, também adotando um tom mais conciliador.
Durante as duas últimas semanas, mais de 18.000 pessoas foram detidas. Entre elas, quase 10.000 estão em detenção preventiva. Além disso, mais de 50.000 pessoas foram destituídas de seus postos de trabalho em vários setores públicos.