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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
São Paulo - A eleição presidencial terá um segundo turno em 31 de outubro, o que representa riscos tanto para a liderança de Dilma Rousseff (PT) na corrida eleitoral quando para a economia do país.
Dilma, uma administradora pragmática, ainda é favorita a vencer a eleição após ter conseguido pouco mais de 46 por cento dos votos válidos neste domingo. No entanto, ela sofrerá ataques intensos de seu rival, José Serra (PSDB), e pode enfrentar novas denúncias de corrupção em seu partido.
Uma eventual aliança do PV tornaria a disputa no segundo turno muito mais apertada, embora analistas lembrem que os eleitores da candidata verde não irão em bloco para Serra mesmo com um apoio de Marina ao tucano.
Uma vitória no primeiro turno daria mais força popular ao governo de Dilma, uma tecnocrata que fez sua carreira no serviço público e nunca concorreu a uma eleição, dependendo quase que inteiramente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apoio político.
Dilma enfrentará uma exame mais minucioso por parte da mídia e da campanha revigorada de Serra, que buscará abalar sua imagem de administradora competente e retratá-la como politicamente mais à esquerda de Lula.
Mesmo se esses ataques falharem em mudar o resultado final, eles podem diminuir sua vantagem, o que, por sua vez, pode enfraquecer sua imagem tanto para a oposição quanto entre os membros de sua coalizão de 10 partidos.
Esse enfraquecimento pode gerar problemas para Dilma, que não tem o carisma de Lula e que conta com um apoio amplo, mas potencialmente superficial, dentro de seu próprio partido.
Dilma prometeu reformar o sistema tributário, mas irá precisar do apoio incondicional de sua coalizão para conseguir aprovar esta e outras reformas, e membros indisciplinados dessa aliança já dificultaram iniciativas anteriores do presidente Lula no Legislativo.
O que o PT está escondendo?
O medo do partido é uma revelação pior que a publicada pela revista Veja que envolveu a sucessora de Dilma como ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, num suposto esquema de propina para a obtenção de contratos públicos operado pela empresa de consultoria de seu filho Israel.
Erenice negou as acusações, mas deixou o cargo logo em seguida.
No entanto, mesmo uma denúncia menor pode prejudicar sua imagem e causar tensões dentro do partido, que é frequentemente acusado de corrupção desde que chegou ao poder em 2003.
O escândalo do mensalão forçou vários líderes do partido a pedirem demissão em 2005 e quase levou a um processo de impeachment contra o presidente Lula.
Gastar, gastar, gastar
Mais quatro semanas de campanha deve desgastar ainda mais as contas públicas do país, que já estão sob pressão devido a estímulos econômicos que também ajudaram a impulsionar a candidatura de Dilma através de estímulos.
Embora seja improvável que haja uma crise fiscal, devido ao baixo peso de da dívida do país e ao forte fluxo de investimentos, um recente relatório da Raymond James apontou diversos riscos.
Entre eles: as taxas de juro do país, que já estão entre as mais altas do mundo, que podem ser mantidas artificialmente altas enquanto que os gastos públicos excessivos sugam crédito que poderia ser concedido para entidades privadas. O banco alertou também que estímulos fiscais podem pressionar uma alta do real, que já está sobrevalorizado.
Alguns economistas alertam que, eleita, ela precisará controlar os gastos públicos melhor que Lula fez em seu último ano para o Brasil poder investir nos projetos de infraestrutura necessários nos próximos anos.
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