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Turbulência econômica e desemprego: por que os frigoríficos dos EUA estão fechando?

Os fechamentos representam uma turbulência econômica para as pequenas cidades, onde as empresas são empregadoras, clientes de agricultores locais, além de pilares da base tributária

Pode levar anos para uma cidade se recuperar do fechamento de uma grande empresa (moodboard/Thinkstock)

Pode levar anos para uma cidade se recuperar do fechamento de uma grande empresa (moodboard/Thinkstock)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 9 de outubro de 2023 às 15h37.

O fechamento da fábrica de processamento de frangos da Tyson em Noel, no Estado norte-americano de Missouri, afetou não só os 1,5 mil trabalhadores da planta, mas também toda a economia local. Este é um dos seis frigoríficos que a companhia disse que vai fechar ainda neste ano.

Assim como a Tyson, outros processadores de carne estão fechando as portas nos Estados Unidos, em resposta ao que afirmam ser uma queda na demanda do consumidor e custos altos com gado, ração e salários.

Turbulência econômica

Os fechamentos representam uma turbulência econômica para as pequenas cidades, onde as empresas são empregadoras, clientes de agricultores locais, além de pilares da base tributária.

O condado de McDonald, onde fica a cidade de Noel, pode perder 22% do seu Produto Interno Bruto (PIB) e quase um terço de sua arrecadação de impostos sobre vendas de US$ 8 milhões com o fim das operações, de acordo com estimativas da empresa Decision Innovation Solutions. O condado deve perder, ainda, cerca de 2 mil empregos.

Já em Dexter, no Missouri, onde a Tyson vai fechar outra fábrica os criadores de aves da região se preocupam com as dívidas contraídas para a construção de galpões e instalação de novos equipamentos. Eles dizem que não há outra empresa para a qual possam vender seus frangos com a saída da companhia de carnes.

Novos fornecedores

Segundo o prefeito de Noel, Terry Lance, a Tyson afirmou que não espera vender a planta para outro fornecedor de carne. No entanto, a empresa diz que consideraria ofertas para as fábricas que estão fechando.

A companhia chegou a estimar que seu impacto econômico nas comunidades onde opera ultrapassa US$ 27 bilhões anualmente. Além disso, sua mais nova instalação de processamento de frango, inaugurada em Humboldt, Tennessee, em 2021, deve gerar anualmente US$ 150 milhões para o estado, entre folha de pagamento, pagamentos a agricultores e compras de grãos e utilidades, estimou a Tyson.

Autoridades do setor dizem que mais fechamentos podem ocorrer à medida que os processadores de carne relatam lucros em queda. Neste cenário, produtores de frango e suínos lidam com um excesso de oferta em toda a indústria, pressionando os preços no atacado. Os rebanhos de gado bovino recuam, elevando os preços do gado e reduzindo as taxas de abate semanal em quase 10% em comparação com o ano anterior, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Em agosto, a Perdue Farms anunciou o fechamento de uma planta de carne em Michigan que emprega 130 pessoas, enquanto a gigante de suínos Smithfield Foods já fechou uma instalação na Califórnia com 1,8 mil funcionários este ano. A empresa de carne suína HyLife fechou uma planta com mil funcionários em Minnesota em junho. Já a processadora de carne canadense Olymel disse no mês passado que planeja fechar duas plantas, afetando cerca de 400 empregos.

Recuperação

Pode levar anos para uma cidade se recuperar do fechamento de uma grande empresa. Em Plainview, Texas, a gigante do agronegócio Cargill fechou uma planta de carne bovina há uma década, onde era o maior empregador local, com mais de 2 mil trabalhadores.

O prefeito Charles Starnes, que era membro do Conselho Municipal quando a fábrica fechou, disse que restaurantes e outros negócios ao redor da empresa demitiram funcionários ou fecharam completamente, resultando na perda de cerca de 3 mil empregos em Plainview. A população da cidade diminuiu cerca de 2 mil pessoas desde o ano de fechamento, segundo ele. Fonte Dow Jones Newswires

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