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Tufão Haiyan chega ao Vietnã após matar 10 mil nas Filipinas

A tempestade, que perdeu força significativamente desde que devastou as Filipinas no fim de semana, chegou ao Vietnã com ventos sustentados de 120 km/h


	Imagem da Nasa mostra o super tufão Haiyan visto da Estação Espacial Internacional: ele deve passar pelo Vietnã com a força equivalente à de um furacão de categoria um
 (KAREN L. NYBERG/AFP)

Imagem da Nasa mostra o super tufão Haiyan visto da Estação Espacial Internacional: ele deve passar pelo Vietnã com a força equivalente à de um furacão de categoria um (KAREN L. NYBERG/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2013 às 06h30.

Tacloban - O supertufão Haiyan tocou terra no Vietnã na manhã desta segunda-feira (noite de domingo no Brasil), informaram meteorologistas, depois de deixar ao menos 10.000 mortos e 2.000 desaparecidos em sua passagem pelas Filipinas.

O Centro de Alerta Conjunto de Tufões dos Estados Unidos (JTWC, na sigla em inglês) informou, em um boletim atualizado às 19h00 de Brasília, que a tempestade "está tocando terra atualmente" aproximadamente 160 km a sudeste da capital, Hanói, duas horas antes do previsto.

A tempestade, que perdeu força significativamente desde que devastou as Filipinas no fim de semana, chegou ao Vietnã com ventos sustentados de 120 km/h, acrescentou o JTWC, força-tarefa conjunta da Marinha e da Força Aérea americanas sediada em Pearl Harbor, no Havaí.

As previsões são de que o tufão passe pelo Vietnã com a força equivalente à de um furacão de categoria um - a mais fraca da escala de velocidade de ventos, que vai até cinco - ou como tempestade tropical.

O governo vietnamita informou em seu site na internet que cinco pessoas haviam morrido enquanto se preparavam para a chegada da tempestade.

Na China, mais ao norte, seis membros de um navio cargueiro foram reportados como desaparecidos na província de Hainan, noticiou a imprensa oficial chinesa.

Mais de 600.000 pessoas foram evacuadas durante o fim de semana preventivamente no Vietnã.


Fortes chuvas e inundações castigaram os moradores de Hanói, enquanto dezenas de milhares de pessoas de regiões costeiras foram aconselhadas a buscar abrigo.

"Evacuamos mais de 174 mil domicílios, o equivalente a mais de 600 mil pessoas", informou um relatório oficial do departamento vietnamita de controle de enchentes e tempestades.

A tempestade mudou seu curso no domingo, forçando evacuações em massa de cerca de 52 mil pessoas nas províncias do norte à beira-mar.

Segundo a Cruz Vermelha, a mudança de curso do tufão significa que "a área de desastre poderia ser ampliada pde nove para até 15 províncias".

Haiyan "foi localizado na direção norte-nordeste a 28 km/h nas últimas seis horas", informou a JTWC em seu site na internet.

A tempestade deve continuar se movendo na direção norte antes de virar para nordeste e se dissipar rapidamente.

O desastre natural mais mortal das Filipinas

Durante o fim de semana, em sua passagem pelas Filipinas, Haiyan deixou pelo menos 10 mil mortos e 2 mil desaparecidos, cifras que fazem dele o desastre natural mais mortal já registrado no país, segundo estimativas das autoridades divulgadas neste domingo.

Duas ilhas do centro do arquipélago filipino, Leyte e Samar, que estavam em plena trajetória do Haiyan quando ele atingiu o país, na madrugada de sexta-feira, foram especialmente afetadas.


Em Tacloban, capital da província de Leyte, o tufão deixou imagens apocalípticas, com filas de homens, mulheres e crianças andando pelas estradas com o nariz coberto para se proteger do cheiro dos corpos sem vida.

"Tacloban está totalmente destruída. Algumas pessoas estão perdendo o juízo pela fome ou pela perda de suas famílias", contou este domingo à AFP o professor do ensino médio Andrew Pomeda, de 36 anos, alertando para o desespero crescente dos sobreviventes.

Socorristas pareciam sobrecarregados em seus esforços para tentar ajudar os incontáveis sobreviventes. Centenas de policiais e soldados foram mobilizados para conter os saques na cidade costeira, enquanto os Estados Unidos anunciaram que irão enviar ajuda militar, atendendo a um apelo do governo filipino.

"As pessoas estão ficando violentas. Estão saqueando estabelecimentos comerciais, shoppings, apenas para encontrar comida, arroz e leite. Estou com medo de que em uma semana as pessoas possam matar por causa da fome", acrescentou o professor Pomeda.

Um homem, Edward Guialbert, perambulava entre os cadáveres para recuperar alimentos em conserva sob os escombros de uma casa. Mais adiante, um açougue que por milagre permaneceu intacto foi saqueado por uma multidão. Um comboio de ajuda da Cruz Vermelha também foi saqueado.

Momentos após a passagem do tufão, as forças de segurança estavam praticamente ausentes.

"Nós nos reunimos com o governador (da província de Leyte) na noite passada e, baseando-nos nas estimativas do governo, há 10.000 vítimas (fatais)", declarou à imprensa Elmer Soria, funcionário de alto escalão da polícia de Tacloban, a capital da província de Leyte, na ilha de mesmo nome.

Em Samar, porta de entrada do tufão no país na sexta-feira, foi confirmada a morte de ao menos 300 pessoas na pequena cidade de Basey, e outras 2.000 estão desaparecidas em toda a ilha, indicou Leo Dacaynos, membro do conselho de gestão de catástrofes, à rádio DZBB.


Também foi confirmada a morte de dezenas de pessoas em outras cidades e províncias devastadas pelo super tufão.

Um cenário que lembra o tsunami de 2004

Muitas localidades permaneciam incomunicáveis e as autoridades enfrentavam muitas dificuldades para agir devido à magnitude da catástrofe e ao número de vítimas a serem resgatadas.

Casas destruídas, postes elétricos derrubados, carros virados e sobreviventes atordoados percorrendo as ruas: a paisagem deixada pela passagem do Haiyan, acompanhado por ventos de até 315 km/h, lembrava a destruição provocada pelo tsunami de 2004 na Ásia.

"Ocorreram grandes destruições (...) A última vez que vi algo parecido foi durante o tsunami no oceano Índico" que deixou 220.000 mortos em 2004, afirmou Sebastian Rhodes Stampa, chefe da equipe da ONU encarregada da gestão de desastres que se encontrava em Tacloban.

No Ângelus deste domingo, o papa Francisco, que já havia enviado uma mensagem de apoio às vítimas pelo Twitter, fez uma oração em silêncio com os mais de 60.000 fiéis reunidos na Praça de São Pedro. "Vamos tentar fazer nossa ajuda concreta chegar a eles", acrescentou.

Vários países ofereceram ajuda às Filipinas. Os Estados Unidos fornecerão helicópteros, aviões, barcos e equipamentos destinados à busca e ao resgate, após um pedido feito por Manila, indicou o secretário americano da Defesa, Chuck Hagel.

Uma equipe no local avalia a ajuda que deve ser enviada à população filipina, informou o coronel Brad Bartelt, porta-voz dos Marines

Austrália e Nova Zelândia entregaram neste domingo quase meio milhão de dólares (370.000 euros) à Cruz Vermelha das Filipinas e indicaram que podem fornecer ajuda adicional.

O Unicef preparou 60 toneladas de ajuda sanitária, que deve chegar ao país na terça-feira, e o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PAM) está organizando o envio de 40 toneladas de alimentos.

Todos os anos, as Filipinas são atingidas por cerca de vinte tempestades e tufões entre os meses de junho e outubro.

Além dos tufões, o país sofre regularmente com a ira da natureza, em forma de terremotos ou erupções vulcânicas, com um balanço de vítimas fatais cada vez maior.

Se o balanço de 10.000 mortos se confirmar, o Haiyan será a pior catástrofe natural já registrada na história recente do país.

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