Pessoas prestam homenagens nas proximidades dos locais onde ocorreram atentados em Paris. No destaque, a frase: "Choramos, mas não tememos" (Reuters)
Talita Abrantes
Publicado em 14 de novembro de 2015 às 23h06.
São Paulo – Um dia depois que uma onda de atentados deixou 129 mortos em Paris, a polícia francesa começa a juntar as primeiras peças do quebra-cabeça por trás do pior ataque da história da França desde a Segunda Guerra Mundial.
Ainda não se sabe ao certo quantas pessoas estão envolvidas nos atentados. No total, sete terroristas morreram durante as ações – apenas um foi identificado até o momento. Ele era francês e tinha 29 anos.
1. Eles eram ligados ao Estado Islâmico
Na manhã de hoje, o Estado Islâmico reivindicou a autoria dos atentados. Em comunicado, o grupo terrorista afirma que os locais dos ataques foram escolhidos “minunciosamente no coração de Paris” e que a França é o principal alvo do grupo.
O país faz parte da coalizão que organiza ataques aéreos contra militantes do Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
“Enquanto vocês mantiverem os bombardeios, vocês não viverão em paz. Vocês vão ter medo até de entrar no mercado", afirma o grupo no comunicado.
Em vídeo, divulgado neste sábado, o EI convoca militantes para atacar a França. “Há armas e carros disponíveis e alvos prontos para serem atacados", diz o vídeo.
2. Um era francês e outros portavam passaportes da Síria e Egito
De acordo com o procurador francês, um dos terroristas era francês e vivia no subúrbio de Courcouronnes, na França. Ele tinha 29 anos e foi identificado por suas digitais.
Desde 2004, o homem, cuja identidade não foi revelada oficialmente, tinha passagem pela polícia. Em 2010, foi considerado suspeito por envolvimento com grupos extremistas islâmicos – mas nunca foi preso. De acordo com o jornal Le Monde, o terrorista se chamaria Ismael M. - as autoridades não confirmaram a informação.
A polícia encontrou um passaporte sírio de um homem nascido em 1980, segundo o The Guardian, junto com o corpo de um dos terroristas. Ele não era conhecido pela polícia francesa.
Outro passaporte encontrado com o corpo de um dos terroristas pertencia a um homem egípcio. Ainda não se sabe se os documentos eram, de fato, dos homens-bomba.
Mais cedo, ministro adjunto grego para assuntos de polícia, Nikos Toskas,afirmou que o passaporte encontrado com os terroristas era de um refugiado sírio que entrou na Grécia no último dia 3 de outubro por meio da Ilha de Leros junto com outros 69 refugiados.
3. Eles estavam divididos em três equipes coordenadas
Os terroristas estavam divididos, aparentemente, em três grupos coordenados: um no Stade de France e outros em dois carros pretos – um da marca Seat e outro modelo VW Polo.
Segundo o jornal The Guardian, um dos carros estava registrado no nome de um cidadão francês, que foi parado na fronteira da França com a Bélgica com outras duas pessoas.
4. Um dos homens-bomba tentou entrar no estádio, mas foi detido pela polícia
O terrorista que carregava o passaporte sírio portava também um ingresso para o jogo da França contra a Alemanha que acontecia durante os ataques.
Ao revistá-lo, um agente de segurança percebeu que o terrorista usava um colete de explosivos e o impediu de entrar no estádio, segundo informações do jornal The Wall Street Journal.
O guarda, identificado como Zouheir, tentou detê-lo, mas o homem detonou os explosivos. Minutos depois, outro terrorista explodiu o colete de bombas nas redondezas e um terceiro, em uma rua próxima ao estádio.
5. As bombas eram de alto impacto
Os terroristas usavam um tipo de explosivo muito comum em ações terroristas orquestradas por radicais islâmicos feito à base de TATP (triperóxido de triacetona).
Segundo informações do The New York Times, as bombas traziam um detonador especial embalado com pregos para aumentar o poder letal do explosivo.
6. Veja, em detalhes, como foi a ação dos terroristas
9h20 (horário local) - Uma pessoa morreu com a explosão da primeira bomba perto do Stade de France, onde ocorria um amistoso entre as seleções da França e Alemanha. O homem-bomba teria tentado entrar no estádio, mas foi impedido por um agente de segurança. [Apresentado com ícone vermelho no mapa].
9h25 – Terroristas armados com kalashnikovs alvejaram clientes e pessoas que passavam no bar Le Carillon e no restaurante Le Petit Cambodge. Os terroristas estavam em um carro preto da marca Seat. Quinze pessoas são mortas e 10 ficaram feridas .[Apresentados com ícones laranja e verde no mapa].
9h30 – Outro homem-bomba suicida detonou explosivos perto do Stade de France. [Apresentado com ícone vermelho no mapa].
9h32 – Usando o mesmo carro, os terroristas alvejaram clientes e pessoas que passavam pelo bar La Bonne Biere. Cinco pessoas morreram e oito ficaram feridas. [Apresentado com ícone azul no mapa].
9h36 – Provavelmente a mesma equipe de terroristas atirou contra clientes do restaurante La Belle Equipe. No total, 19 pessoas morreram e nove ficaram feridas. [Apresentado com ícone lilás no mapa].
9h40 – Terrorista detona explosivo dentro do restaurante Voltaire. Uma pessoa é gravemente ferida. [Apresentado com ícone amarelo no mapa].
9h40 – Em um VW Polo preto, três terroristas chegam à casa de espetáculos Le Bataclan. Eles fazem o público como refém e atiraram aleatoriamente. Cerca de 89 pessoas morreram. [Apresentado com ícone preto no mapa].
9h53 – Terceiro suicida explode bomba na rua Coquerie, próximo ao estádio.
0h20 – A polícia entra no Bataclan e mata um terrorista. Os outros explodem as bombas que vestem.
Veja no mapa:
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