(TSE/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 24 de julho de 2024 às 12h07.
Última atualização em 24 de julho de 2024 às 14h25.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desmentiu nesta quarta-feira, 24, uma declaração do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de que no Brasil "não auditam nenhum registro" do sistema eleitoral. A Corte eleitoral afirmou que o boletim emitido pelas urnas eletrônicas brasileiras é um "relatório totalmente auditável".
Questionada sobre a declaração de Maduro, a assessoria de imprensa do TSE também encaminhou cinco textos, publicados anteriormente pelo próprio tribunal, que explicam o funcionamento do sistema eleitoral brasileiro. Em um deles, explica que o Boletim de Urna (BU) é um "relatório detalhado com todos os votos digitados no aparelho", que é disponibilizado na porta de cada seção eleitoral. Com isso, é possível comparar com as informações de cada seção divulgadas online.
Em outro texto, o TSE declara que a "auditoria e fiscalização dos sistemas eleitorais ocorrem antes, durante e após eleição", por meio de processos como a análise do código-fonte e a lacração das urnas.
A declaração de Maduro ocorreu durante um comício entre a noite de terça-feira e a madrugada de quarta. O presidente venezuelano criticou não apenas o processo eleitoral no Brasil, mas também os dos EUA e da Colômbia, países amplamente considerados democráticos.
"São 3 da manhã, mas antes temos que esclarecer à extrema direita que respeitem o processo eleitoral, que nós vamos ganhar outra vez e que na Venezuela vai haver democracia, liberdade e paz. Temos o melhor sistema eleitoral do mundo. Tem 16 auditorias. Eles fazem uma auditoria, como vocês sabem, em 54% das mesas. Em que outra parte do mundo se faz isso? Nos EUA? É inauditável o sistema eleitoral. No Brasil? Não auditam nenhum registro. Na Colômbia, não auditam nenhuma ata. Na Venezuela, auditamos no momento, na mesa", disse Maduro.
A fala de Maduro ocorreu em meio a uma escalada retórica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e é o mais novo desdobramento de uma série de declarações, desde que o presidente venezuelano advertiu, também em um comício, que o país estava diante do risco de um "banho de sangue" e uma "guerra civil" caso não fosse reeleito.
Inicialmente, o governo brasileiro minimizou e disse que pregou afastamento do processo eleitoral. Um dia após a fala de Maduro repercutir em território brasileiro, interlocutores ligados ao Itamaraty disseram que o Brasil só atuaria na questão se fosse chamado por representantes de Maduro e da oposição, "dentro do espírito de Barbados", referindo-se a um acordo assinado entre oposição e governo venezuelano em outubro do ano passado no país caribenho.
Na primeira menção ao presidente venezuelano após a fala do banho de sangue, Lula foi evasivo e afirmou que os venezuelanos "que elejam os presidentes que quiserem", ressaltando que o país não tem contenciosos pelo mundo e que "o Brasil tem que gostar de todo mundo".
Com a repercussão das falas de Maduro e um movimento regional de pressão, incluindo um pedido conjunto de Argentina, Costa Rica, Guatemala, Paraguai e Uruguai pelo "fim do assédio e da perseguição e repressão" a opositores pelo regime chavista, Lula retomou o tema em uma coletiva de imprensa com agências internacionais. O presidente se disse "assustado" com as falas de Maduro:
"Fiquei assustado com as declarações de Maduro de que se perder as eleições haverá um banho de sangue. Quem perde as eleições toma banho de votos, não de sangue — disse o presidente brasileiro sobre durante a entrevista coletiva em Brasília". O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição.
A resposta de Maduro veio sem menção direta a Lula. Em uma declaração na terça-feira, o presidente sugeriu que "quem se assustou" com sua fala sobre o banho de sangue que tomasse "um chá de camomila".
"Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila", declarou Maduro, citando apenas o termo usado por Lula.