Donald Trump, durante comício em Coachella, Califórnia (Mario Tama/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 22 de outubro de 2024 às 11h59.
O ex-presidente Donald Trump passou à frente da vice-presidente Kamala Harris nas projeções de resultados feitas pela Economist e pelo site FiveThirtyEight, duas referências nas análises sobre a eleição nos Estados Unidos, e estaria com mais chances de se eleger como próximo presidente do país.
Este avanço tem animado os apoiadores de Trump e dão impulso à campanha republicana, embora a situação geral da corrida continue muito próxima do empate.
As projeções levam em conta outros fatores além das pesquisas eleitorais, como a chance de cada candidato vencer em cada estado, e criam simulações variadas do que pode ocorrer no dia da eleição.
Para a Economist, Trump atuamente tem 54 chances em 100 de vencer, e Kamala, 46 em 100. A mudança ocorreu na segunda, 21. Há uma semana, Kamala tinha 54 chances e Trump, 46, em chave invertida. A mudança ocorreu porque o republicano aumentou suas chances de vencer na Carolina do Norte, segundo a revista.
Na projeção do FiveThirtyEight, Trump tem 51 chances de ganhar em 100, contra 49 de Kamala. A mudança ocorreu em 18 de outubro. A democrata liderava neste indicador desde 8 de agosto, mas viu suas margens de vantagem encolherem em estados-chave, como Michigan e Wisconsin.
"Você pode estar tentado a ver como grande coisa a nossa projeção ter 'virado' para Trump, mas é importante lembrar que uma vantagem de 52 em 100 para Trump não é tão diferente de uma chance de 58 em 100 para Harris. Ambas são pouco melhores do que jogar cara ou coroa com uma moeda", diz o FiveThirtyEight.
"Embora Trump tenha ganhado terreno nas últimas duas semanas, algumas poucas pesquisas com bons resultados para Harris podem facilmente colocá-la de volta na 'liderança' amanhã. Nossa visão geral sobre a corrida, que é uma situação de empate, se mantém inalterada", afirma o site.
Na média das pesquisas, segundo o agregador do FiveThirtyEight, Kamala tem 48,2% de preferência no voto popular e Trump, 46,4%. A vantagem dela, de 1,8%, encolheu nos últimos dias e também atingiu seu menor potencial desde agosto. Nos últimos dois meses, a vantagem de Kamala alternava entre 2% e 3%.
Mauricio Moura, professor de estatística na Universidade George Washington, aponta que há atualmente duas linhas de pensamento. Uma delas dá mais peso aos modelos de projeção do que as pesquisas, porque elas subestimariam o engajamento de eleitores de Trump. A outra, no entanto, considera que os institutos de pesquisa fizeram ajustes após as eleições de 2016 e 2020 para evitar possíveis falhas.
"As modelagens também incluem projeções para a Câmara e o Senado. Se a Kamala vencer, provavelmente ela terá o Senado contra. Se Trump vencer, ele provavelmente terá as duas Casas a favor", diz Moura.
Como Kamala não conseguiu crescer nas intenções de voto e Trump avançou, embora dentro da margem de erro, surgiu uma onda de otimismo entre os apoiadores do republicano.
Além dos dados dos agregadores, Trump passou a ser mais bem-avaliado em sites de apostas e por analistas do mercado, que passaram a fazer mais investimentos que poderão supostamente se beneficiar com sua vitória, como em ações de empresas americanas. O empresário promete cortar taxas sobre elas e tomar outras medidas, como aumentar impostos sobre importações, que beneficiariam produtores locais.
Ao mesmo tempo, Trump tem conseguido atrair mais atenção do noticíario, enquanto Kamala tem chamado menos a atenção. Nos últimos dias, o republicano passou a receber apoio mais forte de Elon Musk, que prometeu inclusive sortear dinheiro a apoiadores, e fez uma ação de campanha ao fritar batatas, por 15 minutos, em uma unidade do McDonald's.