Donald Trump, ex-presidente dos EUA, durante debate na CNN (Andrew Caballero-Reynolds/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 2 de julho de 2024 às 14h39.
Última atualização em 2 de julho de 2024 às 16h53.
O ex-presidente Donald Trump vive seu melhor momento na campanha de 2024 até agora, com duas vitórias importantes a poucas semanas da Convenção Republicana, que marca o começo da fase final da disputa eleitoral de 2024.
Na quinta passada, 27 de junho, o republicano saiu como vencedor do 1º debate na TV, não só por seus acertos, mas pelos erros do rival, o presidente Joe Biden. O democrata gaguejou em muitas respostas e se mostrou um tanto perdido, o que fez crescer a pressão para que ele desista da disputa.
A outra vitória veio em 1º de julho, segunda-feira. A Suprema Corte afirmou que os presidentes e ex-presidentes têm direito a imunidade parcial, ao decidir um pedido de recurso feito por Trump. O republicano alegava que não poderia ser processado por ter a proteção da imunidade presidencial.
A Suprema Corte não lhe deu imunidade completa e ficou em um meio termo: a proteção vale para atos oficiais do cargo, mas não para ações não-oficiais.
Isso deu uma vantagem a Trump: o caso que originou o recurso, no qual ele é processado pela justiça federal por suas ações para tentar mudar o resultado das eleições de 2020, foi mandado de volta ao início, para que seja determinado quais atos foram oficiais e quais não. Isso fará com que o processo demore mais alguns meses para chegar a julgamento.
O atraso beneficia Trump, ao reduzir as chances de uma nova condenação antes das eleições. Caso ele vença a disputa em novembro, poderá pedir ao Departamento de Justiça que desista do processo e encerre a questão.
Os advogados de Trump não perderam tempo e usaram a decisão da Suprema Corte para adiar outro momento constrangedor para ele: a divulgação da sentença do caso em que o ex-presidente foi condenado por fraude fiscal envolvendo pagamento de suborno a uma ex-atriz pornô.
O republicano foi condenado em 30 de maio e a sentença estava marcada para 11 de julho, mas foi adiada para 18 de setembro. Sua defesa pede que o juiz reconsidere a pena com base na decisão da Suprema Corte, que determina imunidade para atos oficiais. A Justiça teria de definir quais ações de Trump podem ser consideradas atos oficiais, o que pode tomar semanas. O juiz aceitou o pedido e disse que se pronunciará sobre o caso em 6 de setembro. A sentença, caso a condenação se mantenha, será dada em 18 de setembro.
A sentença seria divulgada quatro dias antes do início da Convenção Republicana, onde Trump será confirmado como candidato do partido. O adiamento evitará a ele o constrangimento de ser nomeado candidato oficial pouco após receber uma pena, que pode chegar a quatro anos de prisão. As chances de detenção são consideradas remotas, e ainda há espaço para recorrer, o que evitaria a execução da pena de forma imediata. Para Trump, o adiamento da sentença poderá ser usado como mais um argumento em sua narrativa de que a condenação foi injusta e armada por seus rivais políticos.
A chegada de Trump em um bom momento nas convenções reduzirá ainda mais a pouca oposição que ele tem entre os republicanos. Mesmo sua maior rival nas primárias, Nikki Haley, já declarou que votará nele. O ex-presidente deve ter dias mais tranquilos durante as convenções, enquanto vê Biden e o Partido Democrata em uma crise, tendo de decidir se mantém o atual presidente na disputa ou buscam outra opção.