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Trump saiu de Washington como presidente e volta como réu — como isso afeta eleição?

Empresário compareceu a tribunal para ser acusado formalmente por crimes de conspiração contra as eleições

Donald Trump: ex-presidente é réu em três processos diferentes (Jeff J Mitchell/Getty Images)

Donald Trump: ex-presidente é réu em três processos diferentes (Jeff J Mitchell/Getty Images)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 3 de agosto de 2023 às 17h31.

Última atualização em 3 de agosto de 2023 às 18h02.

Nas horas finais de seu mandato, em 20 de janeiro de 2021, Donald Trump preferiu pegar um helicóptero e deixar Washington antes da posse de Joe Biden. Trump voltou à cidade nesta quinta-feira, 3, mais de dois anos e meio depois, como réu. O republicano foi até um tribunal, a alguns quarteirões do Congresso, para ser formalmente acusado por crimes relacionados à tentativa de mudar o resultado da eleição que perdeu.

Quando ainda era presidente, Trump se recusou a admitir a derrota no pleito de 2020. Segundo investigações, ele também tentou forçar funcionários a mudar a contagem de votos e, no dia em que a vitória de Biden seria certificada no Congresso, fez um discurso público em Washington a apoiadores, convocando-os para lutar.

Horas depois daquele discurso, em 6 de janeiro de 2021, seus seguidores invadiram o Congresso para tentar impedir a confirmação do resultado. Eles não conseguiram seu objetivo, mas a ação deixou cinco pessoas mortas.

Na última terça, 1, Trump foi acusado pelos crimes de conspiração para fraudar os Estados Unidos, conspiração contra direitos e conspiração para obstruir um procedimento oficial --no caso, a própria eleição presidencial. As acusações foram feitas pelo conselheiro especial Jack Smith.  A pena para estes crimes pode chegar a 20 anos de prisão.

Como foi a audiência

Na audiência, que durou cerca de 30 minutos, o réu teve de dizer seu nome, "Donald J. Trump", sua idade, "77" e responder se estava sob efeito de drogas. Ele respondeu que não. As questões são padrão na Justiça local.

Em seguida, o ex-presidente ouviu as acusações e se declarou inocente. Ele foi liberado sob as condições de comparecer ao tribunal quando for chamado, de não se comunicar com testemunhas do caso e de não violar as leis.

O ex-presidente voou para Washington em seu avião particular, cujas laterais expõem seu nome pintado. A aeronave pousou no aeroporto Ronald Reagan, que fica a poucos quilômetros do centro da cidade.

O ex-presidente entrou na sala de julgamento pouco antes das 16h, na hora local. Do lado de fora, havia alguns apoiadores, que levavam bandeiras com frases como "Trump ou morte" e alguns críticos, que celebravam o indiciamento. Uma grande quantidade de agentes de segurança patrulhava o local.

A próxima audiência do caso será em 28 de agosto, às 10h. Não há data prevista para a conclusão do julgamento.

Além deste caso, Trump é alvo de outros dois processos. Em um deles, o empresário é acusado de comprar o silêncio de uma atriz pornô em 2016. No outro, de guardar documentos secretos depois de deixar a Presidência. Ele se declarou inocente nos dois casos.

Trump poderá disputar eleição

Apesar dos processos na Justiça, o bilionário poderá disputar as eleições presidenciais de 2024. Não há, nos EUA, regras que impeçam alguém condenado a disputar eleições, como é o caso do Brasil, onde vigora a Lei da Ficha Limpa.

Trump inclusive tem boas chances de conseguir a indicação para ser o candidato republicano. Pesquisa feita no fim de julho pelo jornal The New York Times e pelo Siena College mostrou que, caso a votação fosse hoje, 54% dos republicanos escolheriam o empresário como candidato do partido. O segundo colocado, Ron DeSantis, ficou com 17%.

Desde a campanha de 2016, o ex-presidente sempre se colocou como um rival do "sistema", e aposta em usar os processos na Justiça para reforçar com seus apoiadores a narrativa de que é uma vítima.

No entanto, o apelo disso parece estar diminuindo, ao menos nas doações de campanha. No dia 4 de abril, quando ele compareceu a um tribunal para ser indiciado pela primeira vez, Trump arrecadou cerca de US$ 4 milhões. Já no dia do segundo indiciamento, em junho, as doações caíram para US$ 1,3 milhão, segundo levantamento do site Politico.

Uma pesquisa feita pelo YouGov, para a The Economist, apontou que Biden teria 44% dos votos, contra 40% de Trump. O levantamento foi feito entre os dias 22 e 25 de julho.

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