Trump: "O presidente leu o memorando", disse em um comunicado um funcionário da Casa Branca (Leah Millis/Reuters)
EFE
Publicado em 1 de fevereiro de 2018 às 17h07.
Washington - A Casa Branca confirmou nesta quinta-feira que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revisou um relatório republicano que detalha supostos abusos na investigação sobre a trama russa e que se espera que seja revelado logo, apesar das advertências do FBI (polícia federal americana).
"O presidente leu o memorando", disse em um comunicado um funcionário da Casa Branca, que pediu anonimato.
O FBI expressou nesta quarta-feira em um comunicado "preocupações sérias" sobre os planos da Casa Branca de permitir a publicação do relatório, e alertou que contém algumas "omissões de fatos materiais" que poderiam comprometer sua "exatidão".
Apesar dessa advertência, Trump planeja publicar em breve o documento, segundo informou hoje a rede de televisão "Fox News".
O relatório foi redigido pela equipe do congressista republicano Devin Nunes, um aliado de Trump, que supostamente entregou ao presidente uma versão "secretamente alterada" do memorando republicano, com "mudanças substanciais", segundo denunciou nesta quarta-feira o legislador democrata Adam Schiff.
Tanto Nunes como Schiff pertencem ao Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, que nesta segunda-feira votou a favor de publicar o relatório e deu à Casa Branca cinco dias para decidir se permitia ou bloqueava essa divulgação.
A líder democrata da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, pediu hoje ao presidente da Casa, o republicano Paul Ryan, que retire Nunes da presidência do Comitê de Inteligência, devido às suas supostas remodelações do memorando.
Segundo vários relatos da imprensa, o relatório secreto alega que o ex-espião britânico que escreveu um famoso dossiê cheio de detalhes sórdidos sobre Trump, Christopher Steele, repassou informação errada ao FBI.
Com base nessa informação, na primavera de 2017, o FBI decidiu estender suas atividades de vigilância sobre Carter Page, que até setembro de 2016 assessorou a campanha eleitoral de Trump, por suspeitar que atuou como agente russo.
Rod Rosenstein, o "número dois" do Departamento de Justiça, que tinha autoridade sobre a investigação do FBI sobre a trama russa, solicitou então a um juiz para efetuar essa espionagem.
De acordo com a imprensa americana, o memorando republicano acusa Rosenstein e o FBI de não ter informado corretamente ao juiz que autorizou a vigilância sobre os motivos para pedi-la.
A oposição democrata teme que o presidente use o relatório como uma justificativa para demitir Rosenstein e mais adiante o próprio promotor que investiga a trama russa, Robert Mueller.