Donald Trump: começa novo capítulo sobre suspeitas da relação do presidente americano e Moscou (Alex Wong/Getty Images)
AFP
Publicado em 14 de janeiro de 2019 às 06h41.
O presidente americano, Donald Trump, enfrentou no domingo (13) novas perguntas incômodas sobre a relação com Vladimir Putin, apesar de ter desmentido um relatório sobre ocultação de detalhes de suas conversas privadas com o líder russo a altos funcionários do governo dos Estados Unidos.
Em entrevista por telefone ao canal Fox News, na noite de sábado, Trump qualificou de "ridícula" a notícia publicada pelo jornal The Washington Post, segundo a qual fez tudo o possível para ocultar o conteúdo de suas conversas com Putin, chegando inclusive a tirar as anotações de seu tradutor e exigir que ninguém comentasse o que foi dito durante um encontro com o presidente russo.
O presidente americano assegurou ter mantido "uma excelente conversa" com Putin em julho de 2018, em Helsinque.
"Tive uma conversa como a de qualquer presidente. A gente se senta com presidentes de muitos países... Falamos de Israel, de proteger Israel e de muitas outras coisas... Não estou escondendo nada, não poderia me importar menos. Sério, é ridículo", disse à jornalista da Fox News que o entrevistou.
"Qualquer um que pudesse ter escutado esse encontro, esse encontro está disponível para quem quiser", acrescentou.
Segundo o Post, não há nenhum registro detalhado das conversas que Trump manteve com Putin em cinco locais distintos nos dois últimos anos.
Adam Schiff, líder do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, tuitou que os democratas do comitê buscaram no ano passado obter anotações de intérpretes ou testemunhos sobre a reunião privada de Trump e Putin em Helsinque, mas os republicanos não o aprovaram.
Os legisladores republicanos em geral defenderam o presidente, assegurando que foi mais duro com a Rússia do que seu antecessor democrata, Barack Obama, mas alguns têm perguntas.
"Quero saber um pouco mais sobre o que aconteceu ali", disse o senador Ted Cruz, em "Meet the Press", da NBC.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, emitiu um comunicado, referindo-se à história do Post como "tão escandalosamente imprecisa que nem mesmo parece uma resposta".
No entanto, os democratas não estão tão convencidos.
"Por que é tão amável com Vladimir Putin, esse homem que foi agente da KGB, nunca foi um amigo dos Estados Unidos, invadiu nossos aliados, nos ameaça em todo o mundo e tenta fazer tudo o possível por socavar nossas eleições? Por que é o melhor amigo do presidente Trump? Não entendo", disse o senador Dick Durbin, um destacado democrata, à NBC.
Na entrevista com a Fox News, o presidente americano recordou também que não se demonstrou nenhum conluio entre sua campanha de 2016 e a Rússia e acusou o Post de ser "um lobby para a Amazon", já que ambas as empresas são propriedade do multimilionário Jeff Bezos.
Trump aproveitou também para comentar uma informação do jornal The New York Times, que assegurou na sexta-feira que o FBI tinha aberto uma investigação em 2017 para saber se o presidente estava trabalhando em nome da Rússia.
A investigação, que tinha um componente de contrainteligência e outro penal, começou depois de o presidente demitir o diretor do FBI James Comey, em maio de 2017, reportou o jornal nova-iorquino, citando fontes anônimas.
A investigação do FBI se integrou rapidamente à do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016.
Quando a jornalista da Fox News perguntou se havia trabalhado para a Rússia, Trump respondeu: "acho que foi a coisa mais ofensiva que já me perguntaram", sem responder diretamente à pergunta.