Kennedy: o presidente foi assassinado em 22 de novembro de 1963, em Dallas (Keystone/Getty Images/Getty Images)
EFE
Publicado em 27 de outubro de 2017 às 17h37.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou nesta sexta-feira que seu desejo é tornar públicos todos os documentos sobre o assassinato de John F. Kennedy (JFK), um dia depois que a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) e a polícia federal investigativa (FBI) pressionaram-lhe para manter alguns deles sob sigilo.
JFK Files are being carefully released. In the end there will be great transparency. It is my hope to get just about everything to public!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 27, 2017
"Os arquivos de John F. Kennedy estão sendo publicados com cuidado. Em última instância, haverá muita transparência. É o meu desejo tornar tudo público!", escreveu Trump no Twitter.
O presidente americano autorizou ontem a publicação de 2.891 documentos dos cerca de 3.100 que eram mantidos sob sigilo sobre o assassinato de Kennedy em 22 de novembro de 1963, em Dallas (Texas), pelas mãos de Lee Harvey Oswald.
Trump garantiu que "o povo americano espera e merece o maior acesso possível" aos arquivos sobre esse acontecimento histórico, mas que "algumas das informações" nos Arquivos Nacionais "devem continuar classificadas" por enquanto, devido a preocupações de segurança nacional.
A maior parte dos 2.891 documentos divulgados nesta quinta-feira não traz muita luz sobre o assassinato de JFK, mas revela alguns detalhes sobre este período histórico.
Por exemplo, um documento de Richard Helms, o diretor da CIA na época, revela que o presidente Lyndon B. Johnson, que substituiu Kennedy na Casa Branca, acreditava que o assassinato era uma represália pela participação dos EUA na morte do presidente vietnamita Ngo Dinh Diem ocorrido semanas antes.
"O presidente Johnson costumava dizer por aí que a razão do assassinato do presidente Kennedy era que ele tinha matado o presidente Diem", diz o documento de Helms.
Outra nota fala do possível envolvimento da CIA no assassinato e nas tentativas de assassinato de líderes estrangeiros.
Este documento contém informação sobre a já conhecida intenção de acabar com a vida do líder cubano na época, Fidel Castro, uma missão para a qual os EUA chegaram a cogitar a utilização de mafiosos de Chicago com negócios em Cuba que foram prejudicados pelo triunfo da Revolução.
O texto também fala da participação do governo americano no assassinato do ditador dominicano Rafael Trujillo.
O documento, no entanto, nega qualquer envolvimento da CIA nos assassinatos do primeiro-ministro congolês Patrice Lumumba e do presidente indonésio Sukarno.
Outra comunicação indica que o FBI tinha Oswald no radar e que tentou localizá-lo dias antes do assassinato, quando ele se mudou de Nova Orleans e os agentes acabaram perdendo sua pista.
As informações desclassificadas também revelam que o FBI avisou à polícia de Dallas que a vida de Oswald corria perigo após sua detenção. Apesar do aviso, os agentes que o custodiavam dois dias depois do assassinato de Kennedy não puderam evitar que um homem identificado como Jack Ruby o matasse.
Esse documento foi escrito pelo diretor do FBI, J. Edgar Hoover, que, em outro texto, após o assassinato de Oswald, mostrou sua preocupação com possíveis teorias da conspiração sobre a morte de Kennedy.
"O que mais me preocupa é ter algo para que possamos convencer as pessoas de que Oswald é o verdadeiro assassino", disse Hoover.
Sobre os documentos que foram mantidos em sigilo, Trump ordenou que sua equipe faça uma revisão ao longo dos próximos seis meses com a ideia de voltar a se pronunciar sobre o assunto e publicar mais informações, no mais tardar em abril de 2018.