Vladimir Putin, presidente da Rússia (Getty Images/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de março de 2017 às 20h02.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem dito a assessores e aliados que ele pode engavetar, ao menos temporariamente, seu plano de firmar um acordo com Moscou sobre o grupo Estado Islâmico e outras medidas de segurança. A informação circula entre membros do governo e diplomatas do Ocidente.
Em conversas com diplomatas e outras autoridades, Trump e seus assessores atribuíram a nova forma de pensamento à provocações recentes de Moscou. A reconsideração de um princípio central da política externa de Trump evidencia os crescentes riscos políticos de estabelecer relações mais próximas com a Rússia ao mesmo tempo em que o FBI investiga conexões de membros da campanha de Trump com Moscou e comissões parlamentares intensificam investigações sobre envolvimento da Rússia nas eleições de 2016.
A controvérsia já levou à demissão do assessor para segurança nacional de Trump, Michael Flynn, que deu informações equivocadas sobre seus contatos com embaixador russo. Mais recentemente, o tema tem provocado pedidos por parte de membros do Partido Democrata para que o procurador-geral do governo Trump, Jeff Sessions, se afaste depois de ele não ter falado sobre seus encontros com o enviado russo.
O novo ceticismo de Trump sobre chegar a um acordo com Moscou demonstra ainda a crescente influência de um novo grupo de assessores que adotou uma postura mais dura em relação à Rússia, incluindo o secretário de Defesa Jim Mattis e o novo assessor para segurança nacional, H.R. McMaster. Durante sua primeira reunião no Conselho de Segurança Nacional, McMaster descreveu a Rússia - assim como a China - como um país que quer inverter a atual ordem mundial, segundo informaram pessoas que participaram do encontro.
Trump, que fez declarações favoráveis sobre o presidente russo Vladimir Putin ao longo de sua campanha, vinha mostrando interesse em um amplo acordo com a Rússia que pudesse endereçar a cooperação na luta contra o Estado Islâmico, acordos sobre armas nucleares e as provocações russas na Ucrânia. Mais recentemente, porém, o governo sinalizou que agora pode não ser o melhor momento para tal acordo.
Trump disse a assessores na semana assada que a recente violação por parte da Rússia de um acordo de controle de armas da era da Guerra Fria estava entre os complicadores. Em fevereiro, o governo Trump acusou a Rússia de violar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, de 1987, ao preparar um míssil de cruzeiro.
Um oficial da Casa Branca confirmou a discussão, afirmando que Trump acredita que a violação do tratado está tornando um acordo diplomático e de segurança com a Rússia "cada vez mais difícil de ser alcançado". Fonte: Associated Press.