Shinzo Abe: "A aliança entre Japão e Estados Unidos é a pedra angular da diplomacia e da segurança do Japão", disse Abe (REUTERS/Issei Kato)
AFP
Publicado em 17 de novembro de 2016 às 18h50.
O presidente eleito Donald Trump se encontrará nesta quinta-feira, em Nova York, com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, enquanto continua se reunindo com mais candidatos para ocupar posições-chave na Casa Branca.
Abe será recebido na emblemática e opulenta Torre Trump, transformada em quartel-general do magnata imobiliário onde, nove dias depois de sua vitória, segue protegido tentando negociar com a máxima discrição o desenho de seu governo.
Minutos antes de embarcar para os Estados Unidos, o primeiro-ministro japonês disse à imprensa que se sentia honrado por poder se reunir com o presidente eleito "antes de qualquer dirigente do mundo".
"A aliança entre Japão e Estados Unidos é a pedra angular da diplomacia e da segurança do Japão" que "pode funcionar somente dentro da confiança", disse Abe.
Alguns especialistas expressaram sua preocupação pelo fato de que, segundo o The Washington Post, Trump não teria tido tempo de se informar antes do encontro com Abe.
Durante sua campanha, o magnata manifestou sua intenção de retirar os soldados americanos da Coreia do Sul e do Japão se não houver um aumento significativo na contribuição financeira desses países.
Também criticou os tratados de livre comércio como o Acordo Transpacífico (TPP), que os Estados Unidos ainda não ratificaram.
Tóquio acredita que seu eventual abandono irá favorecer um acordo comercial rival com a China.
No entanto, a atenção continua centrada precisamente na pessoa que comandará a diplomacia americana.
O nome do ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, de 72 anos, que apoiou Trump incondicionalmente durante a campanha, aparece com muita força.
Vários meios locais apontam, entretanto, que o magnata considera que Giuliani, afastado da vida política há 15 anos, poderia enfrentar um conflito de interesses caso seja secretário de Estado, principalmente por seu vínculo com uma companhia de petróleo venezuelana.
O ex-embaixador diante da ONU John Bolton e o senador Bob Corker, presidente da comissão de Relações Estrangeiras, são muito cotados para ocupar o cargo.
Mas as emissoras CNN e MSNBC asseguraram que a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, filha de índios, também é uma das favoritas para liderar a diplomacia americana.
A porta-voz de Trump, Kellyanne Conway, disse na quinta-feira à emissora MSNBC que Haley é uma "governadora extraordinária", que poderia ocupar "várias posições" na nova administração, apesar de ter apoiado o multimilionário "tardiamente", quando a campanha já havia começado.
O senador ultraconservador Ted Cruz, que disputou com o magnata as primárias republicanas, foi visto na Torre Trump e trouxe à tona rumores sobre sua possível nomeação como secretário de Justiça, de acordo com a agência Bloomberg.
Entretanto, o atual chefe de inteligência nacional, James Clapper, apresentou sua carta de renúncia que será efetiva quando o novo governo assumir.
O general aposentado Michael Flynn poderia se tornar conselheiro de Segurança Nacional, segundo a imprensa.
O militar comandou a Agência de Inteligência de Defesa (DIA, em inglês) entre 2012 e 2014, mas abandonou o posto por suas diferenças com a equipe da instituição e do governo.
O jornal Wall Street Journal assinalou que o ex-governador do Texas Rick Perry, que participou das internas republicanas, aspira ao cargo de secretário de Energia.
A porta-voz de Trump também assinalou que as primeiras nomeações serão anunciadas "antes ou depois do Dia de Ação de Graças", que é celebrado na quinta-feira 24 de novembro.
Após mais de uma semana de "clausura", Trump continuará na sexta-feira as consultas sobre a conformação de seu gabinete em um campo de golfe de Bedminster, em Nova Jersey.