EUA: a ameaça rendeu ao magnata uma chuva de críticas dos democratas, mas também de alguns republicanos (Jonathan Ernst / Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2016 às 13h19.
O candidato republicano, Donald Trump, recebeu uma onda de críticas por ter adotado o manual dos aprendizes de ditador ao ameaçar enviar sua rival, Hillary Clinton, à prisão se for eleito presidente dos Estados Unidos.
Durante o segundo debate presidencial - muito nervoso, depois que o candidato republicano convocou uma entrevista coletiva prévia com a presença de mulheres que acusam Bill Clinton de agressões sexuais -, a tensão aumentou quando Trump advertiu a ex-secretária de Estado que se ele fosse presidente ela "estaria na prisão".
A ameaça foi feita durante um momento do debate dedicado ao fato de Hillary Clinton ter utilizado um servidor privado de e-mails quando ocupava o cargo de secretária de Estado.
O tema, explorado há vários meses pelos republicanos, tem sido um grande peso para a campanha de Clinton. No domingo, Trump tentou ao máximo tirar partido desta questão no debate.
O magnata prometeu nomear um promotor especial se for eleito presidente para realizar uma investigação contra a adversária democrata.
"Se vencer, vou dar instruções a meu secretário de Justiça para que nomeie um promotor especial para que investigue a sua situação, porque nunca existiu tanta mentira e tantas coisas escondidas sobre a questão dos e-mails", afirmou Trump.
Após uma investigação, o FBI recomendou há algumas semanas o arquivamento do caso.
"É muito bom que alguém com o temperamento de Donald Trump não fique responsável pela lei neste país", afirmou Clinton, ao que Trump contra-atacou: "Porque você estaria na prisão".
A ameaça rendeu ao magnata e ex-apresentador de reality show uma chuva de críticas dos democratas, mas também de alguns republicanos.
"Os candidatos vencedores não ameaçam enviar para a prisão seus oponentes", escreveu o ex-porta-voz do presidente George W. Bush, Ari Fleischer, no Twitter.
"Um presidente não ameaça um particular com perseguição judicial. Trump se equivoca nisto", completou.
David Frum, também ligado ao presidente Bush, também se uniu às críticas.
"Quem aceitaria ser o secretário de Justiça de um presidente que pensa que pode influenciar as investigações contra seus adversários políticos?", questionou.
Do lado democrata, o ex-secretário de Justiça Eric Holder acusou no Twitter o candidato Trump de ser "perigoso/não apto".
O prêmio Nobel da Economia e colunista do New York Times, Paul Krugman, se uniu à onda de indignação: "Vamos ser claros. Um candidato a presidente prometeu colocar sua oponente na prisão se ele vencer. Todo o restante é secundário".