Redatora na Exame
Publicado em 12 de fevereiro de 2025 às 12h26.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está mirando um novo alvo para suas tarifas: os medicamentos fabricados no exterior. Nas últimas semanas, Trump prometeu taxar os remédios importados para incentivar as farmacêuticas a produzirem mais país.
Especialistas do setor alertam que a medida pode ter efeito contrário ao desejado. Com mais tarifas, os custos dos remédios podem aumentar, o que levaria a uma escassez de genéricos e prejudicaria o acesso dos americanos a tratamentos de saúde.
Mesmo sem as tarifas específicas para remédios, o setor de saúde dos Estados Unidos já se prepara para lidar com os impactos da tarifa de 10% imposta sobre todos os produtos vindos da China, já que o país asiático é o maior produtor farmacêutico do mundo.
Os Estados Unidos ainda são sede de algumas das maiores farmacêuticas do mundo, mas grande parte de sua fabricação foi transferida para o exterior para aproveitar os custos mais baixos de mão de obra. Com isso, cerca de 62% dos medicamentos genéricos consumidos pelos americanos são fabricados no exterior, assim como 86% de seus ingredientes ativos.
O governo Trump argumenta que essa dependência de fabricantes estrangeiros contribui para a escassez de medicamentos nos Estados Unidos sempre que há um problema na produção internacional, como aconteceu durante a pandemia de Covid-19. Washington também se preocupa com a dependência excessiva em relação à China, que produz grande parte dos ativos usados na fabricação dos remédios.
Especialistas argumentam que, no caso dos genéricos, os preços baixos de venda dificultam que as empresas tenham lucro produzindo em solo americano, mesmo com uma tarifa comercial em vigor.
Outro empecilho é o fato de que as companhias não sabem quanto tempo as tarifas vão durar, o que dificulta a tomada de decisões de longo prazo. No pior cenário, alguns fabricantes de genéricos podem interromper a produção de medicamentos.
No caso dos medicamentos patenteados, as tarifas podem ter impactos menores. Muitas empresas fabricam remédios de marca nos EUA, já que as margens de lucro deles são altas o suficiente para viabilizar a produção.
Ao competir com uma concorrente americana, as fabricantes estrangeiras podem ter dificuldade de repassar os custos da tarifa de importação em seus preços.
Especialistas ouvidos pelo Yahoo Finance acreditam que, se os fabricantes estrangeiros não conseguirem repassar os custos, eles poderão optar por arcar com o custo da tarifa. Outros podem tentar novas estratégias contábeis para driblar as taxas.