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Trump quer militarizar fronteira com México para impedir migração ilegal

O presidente dos EUA passou os últimos três dias atacando o governo mexicano por permitir que mais de 1.000 centro-americanos marchassem até a fronteira

Trump: a Casa Branca explicou depois, que o plano de Trump prevê a mobilização da Guarda Nacional e não militares da ativa (Joshua Roberts/Reuters)

Trump: a Casa Branca explicou depois, que o plano de Trump prevê a mobilização da Guarda Nacional e não militares da ativa (Joshua Roberts/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de abril de 2018 às 07h17.

Última atualização em 4 de abril de 2018 às 07h18.

O presidente americano, Donald Trump, declarou nesta terça-feira (3) que quer militarizar a fronteira com o México para impedir a entrada ilegal de emigrantes nos Estados Unidos.

Trump passou os últimos três dias atacando o México por permitir que mais de 1.000 centro-americanos, a maior parte de Honduras, tenham iniciado uma marcha até a fronteira com os Estados Unidos, onde muitos esperam solicitar refúgio.

"Até que possamos ter um muro e uma segurança adequada, vamos proteger a nossa fronteira com o Exército. É um grande passo", disse a jornalistas. "Não podemos permitir que as pessoas entrem ilegalmente em nosso país", continuou.

A Casa Branca explicou em um comunicado poucas horas depois que o plano de Trump prevê a mobilização da Guarda Nacional e não militares da ativa.

Uma lei americana do século XIX proíbe o envio de soldados em seu próprio território com fins civis, mas a Guarda Nacional requer somente o consentimento do estado onde será mobilizada para ajuda e apoio na fronteira.

Altos funcionários, como o secretário de Defesa, o procurador-geral e o comandante do Estado-Maior, informaram na semana passada a situação a Trump, e as conversas prosseguiram nesta terça-feira, segundo a Casa Branca.

"O presidente Trump e os altos funcionários presentes também concordaram com a necessidade de pressionar o Congresso para que aprove urgentemente uma legislação que feche as lacunas jurídicas exploradas pelo tráfico criminoso, o narcoterrorismo e as organizações de contrabando", completa o comunicado.

A iniciativa é a mais recente na cruzada anti-imigração de Trump, cuja proposta de construir um muro na fronteira sul do país não recebeu os fundos orçamentários pedidos.

Trump já sugeriu que os militares ajudem no financiamento e na construção do muro.

México defenderá seus interesses

Consultado pela AFP, o Pentágono negou estar a par de uma mobilização militar na fronteira sul do país, mas assinalou que já houve operações assim antes.

Os antecessores de Trump - Barack Obama em 2010 e George W. Bush entre 2006 e 2008 - enviaram a Guarda Nacional, um corpo de reserva do Exército, para patrulha e controle fronteiriço.

O governo do México disse nesta terça-feira que espera mais clareza da Casa Branca sobre o anúncio do presidente Donald Trump de militarizar a fronteira entre ambos os países.

"O México solicitou aos EUA, pelos canais oficiais, que esclareça o anúncio sobre o uso do exército na fronteira", escreveu o chanceler mexicano Luis Videgaray, no Twitter.

Videgaray acrescentou que "o governo do México definirá postura em função desse esclarecimento, sempre em defesa de nossa soberania e interesse nacional".

Trump afirmou nesta terça-feira que o México, o qual costuma acusar de não fazer o suficiente para deter o fluxo de imigração ilegal, havia agido para impedir a caravana de migrantes a seu pedido. Mas reclamou da frouxidão das leis americanas para enfrentar o problema.

"A caravana me deixa muito triste porque isso não pode acontecer com os Estados Unidos, onde há milhares de pessoas que simplesmente decidem entrar em nosso país. E não temos leis que possam protegê-lo", disse.

Trump criticou a caravana depois que meios de comunicação conservadores americanos destacaram o tema em sua cobertura no fim de semana.

A caravana continua

"Se chegar a nossa fronteira, nossas leis são tão fracas e patéticas... é como se nem tivéssemos fronteira", acrescentou o presidente, que atacou Obama por debilitar a segurança fronteiriça.

A caravana é realizada anualmente há uma década para dar visibilidade ao calvário sofrido pelos migrantes em sua passagem pelo México.

Organizada pela ONG "Pueblos Sin Fronteras", a "Via-crúcis Migratória 2018" partiu em 25 de março do estado mexicano de Chiapas, fronteiriço com a Guatemala.

Cerca de 80% de seus integrantes são hondurenhos, e os outros são guatemaltecos, salvadorenhos e nicaraguenses que fogem da violência a pobreza de seus países.

"A caravana continua", declarou à AFP um membro da coordenação, sob condição de anonimato.

"Estamos dormindo nos parques. Só estendemos algo ali para nos sentirmos um pouco mais confortáveis e dormir", contou Nixon Gómez, um migrante hondurenho.

Honduras e Nafta ameaçados

Mais cedo nesta terça-feira, Trump tuitou que a ajuda dos Estados Unidos a Honduras está "em jogo" se a caravana não parar sua marcha.

"É melhor que a grande caravana de pessoas de Honduras, que agora cruza o México e se dirige para nossa fronteira de 'Leis Fracas', seja detida antes de chegar aqui. A galinha dos ovos de ouro do Nafta (Tratado de Livre-Comércio da América do Norte) está em jogo, assim como a ajuda estrangeira a Honduras e aos países que permitiram isso acontecer. O Congresso DEVE AGIR AGORA!" - disse.

Em sua série de tuítes anti-imigração de domingo e segunda, Trump já havia ameaçado abandonar o Nafta e exigiu ao Congresso americano leis migratórias mais estritas.

No orçamento finalmente aprovado em março, Trump conseguiu somente 1,6 bilhão de dólares para o projeto do muro, muito menos que os 25 bilhões solicitados.

Este financiamento inicial conseguiria pagar apenas 160 quilômetros do muro, e Trump propôs na semana passada usar o orçamento do Pentágono para construir o restante.

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