Aborto: o decreto sobre o aborto significa, na prática, que o presidente Trump revalidou uma medida da época do ex-presidente Ronald Reagan (Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 23 de janeiro de 2017 às 18h20.
Última atualização em 23 de janeiro de 2017 às 19h11.
Além do ato que retira os Estados Unidos da Parceria Transpacífico, o Tratado Transpacífico de Comércio Livre (TPP, sigla em inglês), que iria englobar 40% da economia mundial e 800 milhões de pessoas, o presidente Donald Trump assinou dois outros decretos de grande impacto doméstico.
O primeiro proíbe financiamento do governo federal para organizações não-governamentais estrangeiras que promovam ou paguem o aborto.
O segundo congela a contratação de novos servidores nos órgãos do governo federal. Essa medida, porém, não vale para as Forças Armadas, que podem continuar contratando, se necessário.
O decreto sobre o aborto significa, na prática, que o presidente Trump revalidou uma medida da época do ex-presidente Ronald Reagan.
A medida veda ajuda dos Estados Unidos a órgãos não-governamentais prestadores de serviços de saúde, que atuam em outros países, que discutam ou incluam o aborto como uma opção de planejamento familiar.
O decreto deverá ter o apoio de setores religiosos que lutam contra o aborto nos Estados Unidos. Mas a medida vai contra o que defende um segmento da Marcha das Mulheres, que desfilou pelas ruas de Washington, no último sábado (21), protestando contra as políticas anunciadas por Donald Trump.
A legislação dos Estados Unidos já proíbe o uso de dinheiro dos contribuintes americanos para serem usados em serviços de aborto em qualquer lugar, inclusive em países onde o aborto é legal.
Mas o decreto assinado hoje constitui uma passo à frente, porque também congela o financiamento dos Estados Unidos aos prestadores de cuidados de saúde nos países pobres, se prestadores esses incluírem aconselhamento sobre o aborto ou defendam o aborto.
O decreto que congela novas contratações de servidores para órgãos federais atende aos anseios de setores conservadores, que estavam preocupados com a expansão dos gastos públicos.
O receito desses setores era que Donald Trump perdesse o controle da inflação por causa do aumento de despesas.
As três medidas anunciadas por Trump desanuviam o clima de tensão na capital norte-americana, desde que Trump tomou posse.
O primeiro fim de semana do presidente Trump na Casa Branca repetiu o clima de campanha. Ele acusou jornalistas de mentirem sobre o número de pessoas que foram assistir sua posse.
Segundo o noticiário, havia menos pessoas na posse de Trump do que nas duas posses de Barack Obama, em 2009 e 20013. A imprensa respondeu às acusações de terem mentido com evidências.
Os jornais publicam fotos aéreas das posses dos dois presidentes, confirmando a afirmação de que havia realmente um menor número de assistentes na posse de Trump, inclusive em comparação ao número de pessoas que participou da Marcha das Mulheres.
A discussão sobre o tamanho do público acabou provocando um inconformismo dos próprios assessores de Trump, que perceberam que o debate estava retirando o governo do foco.
Eles chegaram a confidenciar a jornalistas que o momento exigia ação e medidas concretas e não discussões sobre quem teve mais público.