Trump tomou posse nesta segunda, 20 (Chip Somodevilla/Getty Images)
Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 07h59.
Última atualização em 21 de janeiro de 2025 às 08h35.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na segunda-feira, 20, que pretende aplicar uma tarifa de 25% sobre as importações do Canadá e México já no dia 1º de fevereiro, alegando que esses países estão permitindo o aumento no fluxo de imigrantes não documentados e drogas para os EUA.
A medida representa um risco significativo para o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês), que regula o comércio de US$ 1,8 trilhão entre os três países e está programado para revisão em 2026. Tanto o México quanto o Canadá já prometeram retaliações caso as tarifas sejam implementadas.
"O Canadá é um grande abusador", disse Trump, em referência ao fluxo de fentanil e imigrantes através da fronteira norte-americana. Ele também indicou a possibilidade de implementar uma tarifa universal sobre todas as importações estrangeiras no futuro.
Em discurso de posse na segunda, Trump ainda afirmou que "em vez de taxar os cidadãos para enriquecer outros países, irá taxar outros países para enriquecer os cidadãos americanos."
Segundo a Bloomberg, especialistas alertam que as tarifas podem ser desastrosas para a indústria automotiva dos EUA. De acordo com analistas, cerca de 40% dos veículos vendidos pela Stellantis NV e 30% pela General Motors Co. são importados do Canadá e do México. Com a nova medida, o preço médio de veículos novos poderia subir em até US$ 3.000, afetando consumidores e fabricantes.
A iniciativa também incidiria sobre US$ 97 bilhões em autopeças e 4 milhões de veículos acabados, destacando o potencial impacto negativo para o setor e para a economia americana como um todo.
Diante do anúncio, o dólar subiu 0,7%, enquanto as moedas do México e Canadá caíram 1,4% cada em relação à moeda norte-americana. Embora tenha recuado de medidas contra a China, Trump indicou que sua abordagem ao comércio internacional será inflexível, o que gerou alívio temporário nos mercados chineses.
O ex-presidente também usou sua plataforma Truth Social para reafirmar que as tarifas serão uma de suas primeiras ações executivas, permanecendo em vigor até que o fluxo de fentanil e imigrantes ilegais seja interrompido.
Com o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e autoridades mexicanas buscando apaziguar as tensões, o cenário ainda parece incerto. Trudeau, que anunciou sua saída do cargo, viajou recentemente para discutir questões de imigração e combate ao tráfico de drogas, enquanto o México prometeu intensificar seus esforços.
Caso implementadas, as tarifas de Trump podem reacender uma guerra comercial na América do Norte, com repercussões significativas para consumidores, empresas e o equilíbrio econômico da região.
Trump adiou a imposição de tarifas específicas contra a China no primeiro dia de mandato, optando por direcionar sua administração a abordar práticas comerciais desleais globalmente. A decisão, divulgada em um documento interno ainda não público segundo a Bloomberg, busca reverter o que Trump chamou de “impacto destrutivo da política globalista de comércio”.
O documento destaca a necessidade de investigar se a China cumpriu um acordo comercial firmado no mandato anterior de Trump. Além disso, o ex-presidente assinou ordens executivas para enfrentar manipulações cambiais por outros países, reduzir a dependência de nações estrangeiras e revitalizar a base industrial dos Estados Unidos.
Durante uma coletiva improvisada no Salão Oval, Trump indicou que novas tarifas podem ser impostas à China em resposta ao envio de precursores químicos do fentanil e à influência de Pequim no Canal do Panamá. Ele também ameaçou os países do grupo BRICS — incluindo China — com tarifas adicionais.
Outro foco foi a venda do aplicativo TikTok para uma entidade americana. Trump insinuou a possibilidade de novas taxas sobre bens chineses caso a venda seja bloqueada por Pequim, embora tenha evitado especificar datas para as medidas.
Segundo fontes próximas à administração ouvidas pela Bloomberg, a decisão de não impor tarifas imediatamente reflete um movimento estratégico de Trump, que pretende negociar um novo acordo com o presidente chinês Xi Jinping. Ele confirmou que reuniões e conversas com Xi estão nos planos.
A mudança de postura contrasta com promessas de campanha, onde Trump defendeu tarifas de 10% a 20% em todos os produtos importados e 60% nos itens chineses, além de taxas de 25% sobre produtos do Canadá e México.
O adiamento trouxe alívio para empresas que temiam medidas punitivas imediatas. No entanto, analistas apontam que a postura de Trump pode sinalizar a imposição de tarifas nos próximos meses, ampliando a incerteza para setores que dependem do comércio internacional.