O presidente dos EUA, Donald Trump (Alex Wong/Getty Images/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 21 de março de 2025 às 06h32.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta quinta-feira à Suprema Corte que atue contra os juízes que estão suspendendo seus decretos. O apelo do republicano ocorre após duas recentes suspensões: na última terça-feira, uma juíza impediu a proibição de transgêneros nas Forças Armadas, e no último sábado outro juiz suspendeu deportações sob a Lei do "Inimigo Estrangeiro", de 1798.
“Se o juiz Roberts e a Suprema Corte dos EUA não corrigirem essa situação tóxica e sem precedentes IMEDIATAMENTE, nosso país estará em sérios apuros”, escreveu ele na plataforma Truth Social, referindo-se ao presidente da Suprema Corte, John Roberts, que o repreendeu por pedir a remoção de James Boasberg, responsável pelo caso das deportações sob a Lei do "Inimigo Estrangeiro".
“Esses juízes querem assumir os poderes da presidência sem a necessidade de obter 80 milhões de votos. Eles querem todas as vantagens sem nenhum risco”, acrescentou o republicano.
No último sábado, o juiz federal James Boasberg ordenou temporariamente a suspensão de deportações baseadas na Lei do "Inimigo Estrangeiro", invocada por Trump contra a gangue venezuelana Tren de Aragua.
No entanto, vários voos que transportavam suspostos membros da gangue — muitos deles expulsos com base nessa lei — aterrissaram em El Salvador, o que levou o magistrado a pedir explicações ao governo Trump. A Casa Branca alega ter cumprido a ordem desde o momento em que o juiz a colocou por escrito.
Trump, por sua vez, chamou o juiz de “lunático esquerdista radical” e pediu seu impeachment. Mas, em resposta ao ataque, o presidente da Suprema Corte reagiu.
"Está estabelecido há mais de dois séculos que o impeachment não é uma resposta apropriada a um desacordo sobre uma decisão judicia", disse Roberts.
“Esses lunáticos não se preocupam nem um pouco com as repercussões de suas decisões e sentenças perigosas e incorretas. Os advogados procuram incansavelmente esses juízes nos EUA e entram com ações judiciais assim que os encontram”, escreveu ele no X, nesta quinta-feira.
“Um presidente precisa ter permissão para agir de forma rápida e decisiva em questões como o retorno de assassinos, traficantes de drogas, estupradores e outros criminosos à sua terra natal ou a outros lugares que garantam a segurança do nosso país”, acrescentou.
Uma juíza federal dos EUA suspendeu um decreto assinado pelo presidente Donald Trump em janeiro que proibia pessoas transgêneros de servir nas Forças Armadas. Citando o princípio presente na Declaração de Independência dos EUA, que afirma que todos os seres humanos são “criados iguais”, a magistrada Ana Reyes emitiu uma limitar assegurando o direito de soldados trans de continuar trabalhando conforme as regras estabelecidas anteriormente até que a constitucionalidade da medida seja analisada pela Justiça.
“A proibição, no fundo, invoca linguagem depreciativa para atingir um grupo vulnerável, violando a Quinta Emenda”, escreveu a juíza Reyes.
Em janeiro, o presidente Trump assinou uma ordem executiva dizendo que as tropas trans haviam afligido os militares com “ideologia de gênero radical” e que a “adoção de uma identidade de gênero inconsistente com o sexo de um indivíduo entra em conflito com o compromisso de um soldado com um estilo de vida honrado, verdadeiro e disciplinado, mesmo na vida pessoal”.