Putin e Trump: Kremlin disse que a conversa entre os dois líderes foi amplamente construtiva e se concentrou na superação dos problemas das relações EUA-Rússia (Jorge Silva/Reuters)
Reuters
Publicado em 20 de março de 2018 às 18h59.
Última atualização em 20 de março de 2018 às 18h59.
Moscou/Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parabenizou Vladimir Putin por sua reeleição, uma semana após os EUA adotarem uma postura mais dura com relação à Rússia, e disse que eles provavelmente se encontrarão em breve para discutir a corrida armamentista e crises na Ucrânia, Síria e Coreia do Norte.
Putin obteve uma vitória esmagadora na eleição presidencial de domingo, prolongando seu domínio político no maior país do mundo por mais seis anos em um momento no qual suas relações com o Ocidente se tornam mais hostis.
"Eu o parabenizei pela vitória, a vitória eleitoral", disse Trump a repórteres na Casa Branca enquanto se encontrava com o príncipe saudita Mohammed bin Salman.
"O telefonema também tem a ver com o fato de que provavelmente nos encontraremos em um futuro não tão distante para que possamos discutir armas, para que possamos discutir a corrida por armas."
A Casa Branca informou mais tarde que não havia nenhum plano específico para o encontro.
Falando da corrida por armas, Trump acrescentou: "Nós nunca permitiremos que alguém tenha qualquer coisa que chegue perto do que nós temos".
Na semana passada, o governo de Trump acusou a Rússia de hackear a matriz energética dos Estados Unidos e aprovou as primeiras sanções contra entidades e indivíduos russos por suposta interferência nas eleições de 2016 nos EUA.
O Kremlin disse que a conversa desta terça-feira entre os dois líderes foi amplamente construtiva e se concentrou na superação dos problemas das relações EUA-Rússia, que se encontram em seu pior momento desde a Guerra Fria.
"Os líderes falaram a favor do desenvolvimento de uma cooperação prática em esferas diferentes, incluindo questões sobre como garantir a estabilidade estratégica e combater o terrorismo internacional", informou o Kremlin em um comunicado.
Moscou e Washington têm diferenças em relação à Síria e à Ucrânia, e as alegações norte-americanas de que a Rússia interferiu na eleição presidencial de 2016 continuam a ofuscar o relacionamento, embora Moscou as negue. Trump tem falado que não houve conspiração entre sua campanha presidencial e os russos.
Putin e Trump concordaram com a necessidade de trabalhar juntos para evitar uma possível corrida armamentista, disse o Kremlin, acrescentando: "Devotou-se uma atenção especial a trabalhar a questão de uma possível reunião de alto nível".
O presidente russo adotou um discurso mais brando com o Ocidente depois de conquistar sua maior vitória eleitoral, dizendo que não deseja uma corrida armamentista e que fará tudo que puder para resolver diferenças com outros países.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a agências de notícias russas separadamente que Putin e Trump não trataram do envenenamento do ex-agente duplo russo Sergei Skripal e sua filha na Inglaterra. Londres culpa Moscou pelo ataque, uma acusação que a Rússia nega. Os Skripals continuam em estado grave.
A Casa Branca disse em nota que os líderes "enfatizaram a importância de desnuclearizar a península coreana" após Trump concordar em se encontrar com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, na esperança de desativar a ameaça nuclear.
(Reportagem adicional de James Oliphant, Doina Chiacu e Andrey Ostroukh)