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Trump minimiza risco de coronavírus e não descarta restringir viagens

Até esta quarta-feira, havia 60 casos nos Estados Unidos: 15 detectados pelo sistema público de saúde e 45 repatriados do exterior

Donald Trump: "Eu não acho que seja inevitável. Acho que existe a possibilidade de piorar, uma possibilidade de piorar bastante, mas nada é inevitável" (AFP/AFP)

Donald Trump: "Eu não acho que seja inevitável. Acho que existe a possibilidade de piorar, uma possibilidade de piorar bastante, mas nada é inevitável" (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 06h50.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2020 às 06h53.

São Paulo — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, procurou na quarta-feira tranquilizar a população e os mercados, preocupados com a disseminação do novo coronavírus, minimizando o risco para o país, mas sem descartar novas restrições de viagem.

No mesmo dia em que as autoridades disseram ter identificado o primeiro caso de origem desconhecida no território americano, o presidente enfatizou que o contágio "não é inevitável".

"Eu não acho que seja inevitável. Acho que existe a possibilidade de piorar, uma possibilidade de piorar bastante, mas nada é inevitável", disse Trump em entrevista coletiva na Casa Branca, anunciando que nomeou o vice-presidente Mike Pence para ficar à frente das ações contra a doença.

Ao lado das principais autoridades de saúde do governo e de Pence, a quem considerou um "especialista" por liderar em 2014 a luta contra outro coronavírus, o MERS, quando era governador de Indiana, Trump, o chefe de estado elogiou as primeiras medidas tomadas, como a proibição de entrada no território americano de estrangeiros que nas últimas duas semanas estiveram na China, a origem da epidemia.

Trump disse, no entanto, que decidirá "no devido tempo" se irá adicionar a Coreia do Sul e a Itália à lista, dois países com o maior número de casos fora da China.

Na quarta-feira à noite, o Departamento de Estado elevou o para o segundo maior o nível a precaução de viagem para a Coreia do Sul, pedindo aos americanos que reconsiderarem a possibilidade de locomoção para esse país.

Questionado sobre o Brasil, que anunciou na quarta-feira o primeiro caso de coronavírus na América Latina, Trump disse que as medidas de controle foram fortalecidas, mas não detalhou quais, e enfatizou seu bom relacionamento com o presidente Jair Bolsonaro.

Já o secretário da Saúde, Alex Azar, alertou que, embora o progresso do COVID-19 no país permaneça contido, a situação pode piorar.

"O grau de risco tem o potencial de mudar rapidamente, e podemos esperar ver mais casos nos Estados Unidos", afirmou.

Os Estados Unidos estão preparados para intensificar sua resposta "em escala muito maior", se necessário, disse o presidente, acrescentando que em alguns estados os hospitais estão liberando salas e construindo áreas de quarentena e que o governo "encomendou" muitas máscaras protetoras "para o caso de necessidade".

Caso na Califórnia

Trump também prometeu gastar "o que for apropriado" para responder ao novo vírus. O governo pediu ao Congresso 2,5 bilhões dólares em fundos para tratamento, vacinas e equipamentos essenciais, mas o presidente republicano disse que gastaria de bom grado mais se a oposição democrata permitisse.

Os legisladores democratas acusaram o governo de tentar cortar fundos para as agências de saúde pública em seu orçamento proposto para 2021, incluindo o serviço federal dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Trump falou um dia depois que uma autoridade sênior de saúde pública alertou que é inevitável que a doença se espalhe nos Estados Unidos.

O CDC pediu aos americanos na terça-feira que se preparem para cancelar eventos e solicitou a escolas e empresas a desenvolver planos de teletrabalho, em meio a alertas da OMS de que os países não estão prontos para conter um surto que já infectou 80.000 pessoas em 34 países, principalmente na China, e causou a morte de mais de 2.700.

Na quarta-feira, havia 60 casos nos Estados Unidos: 15 detectados pelo sistema público de saúde e 45 repatriados do exterior, tanto de um navio de cruzeiro na frente do Japão quanto de Wuhan, cidade chinesa onde os primeiros casos foram identificados.

O CDC disse que o último caso detectado na Califórnia "não tinha histórico de viagem relevante ou exposição a outro paciente conhecido", o que poderia representar a primeira instância de "propagação comunitária" nos Estados Unidos, embora isso ainda não tenha sido confirmado.

Uma "propagação comunitária" significa que a fonte da infecção é desconhecida.

As ações de Wall Street terminaram principalmente em baixa na quarta-feira, estabilizando um pouco após uma queda em duas sessões em meio a crescentes preocupações sobre o impacto econômico da epidemia de coronavírus.

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