Trump comentou testes norte-coreanos durante encontro do G7 na França (Alex Wong/Getty Images)
AFP
Publicado em 25 de agosto de 2019 às 11h39.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou neste domingo que ficou descontente após o teste de um lançador de mísseis no sábado pela Coreia do Norte, ainda que tenha relativizado sua importância.
"Eu não estou contente, mas mais uma vez ele (o líder norte-coreano) não violou o acordo" sobre esses testes, disse Trump a jornalistas à margem da cúpula o G7 em Biarritz, no sudoeste da França.
Ao seu lado na reunião do G7, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, expressou uma opinião diferente, dizendo que o teste era uma violação das resoluções da ONU e "extremamente lamentável".
"O lançamento de mísseis balísticos de curto alcance pela Coreia do Norte é uma violação flagrante das resoluções do Conselho de Segurança da ONU", estimou Abe.
De acordo com a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, supervisionou no sábado os testes de lançamento de uma nova arma "recentemente desenvolvida", o que complicaria a possibilidade de uma retomada das negociações sobre a desnuclearização do país.
O exército sul-coreano informou no sábado que o Norte teria disparado dois mísseis balísticos de curto alcance, mas a imprensa estatal norte-coreana afirmou neste domingo que se tratou do teste de um "lança-mísseis múltiplo super grande".
Kim afirmou que o sistema "recentemente desenvolvido" era uma "grande arma", de acordo com a KCNA. O líder norte-coreano assegurou que o país precisa continuar desenvolvendo armamento para "frustrar de forma resolutiva as crescentes ameaças militares à pressão ofensiva de forças hostis", acrescentou a agência.
Kim teria supervisionado pelo menos outros dois testes de "novas" armas neste mês, embora a natureza e as especificidades técnicas das mesmas sejam um mistério.
Esse foi o último de uma série de disparos do Estado nuclear nas últimas semanas, em protesto contra os exercícios militares conjuntos entre Estados Unidos e Coreia do Sul, concluídos há quase uma semana.
O disparo de sábado levou a presidência sul-coreana a convocar uma reunião de seu Conselho Nacional de Segurança.
"Os membros do Conselho Nacional de Segurança acordaram manter os esforços diplomáticos com a comunidade internacional para voltar a levar o Norte à mesa de negociações, junto aos Estados Unidos, para conseguir o objetivo de uma desnuclearização completa da península da Coreia", disse o governo sul-coreano em comunicado.
Parece pouco provável que se possam relançar as negociações em um futuro próximo.
As negociações entre Pyongyang e Washington sobre a questão nuclear do Norte estão bloqueadas desde a segunda cúpula entre Kim Yong Un e o presidente americano, Donald Trump, celebrada em fevereiro em Hanói e que terminou sem acordo sobre a desnuclearização da Coreia do Norte e a suspensão das sanções.
Kim e Trump voltaram a se encontrar em junho na Zona Desmilitarizada (DMZ) entre as duas Coreias e concordaram em relançar as negociações, algo que ainda não aconteceu.
No começo da semana, o enviado especial dos Estados Unidos para a Coreia do Norte, Stephen Biegun, que lidera a preparação das negociações, assegurou de Seul que Washington está "preparado para iniciar as negociações" quando tiver notícias de Pyongyang.
Mas na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Ri Yong Ho, lançou um ataque contra o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, que classificou de "toxina intransigente", e disse ser "cético" sobre a possibilidade de negociar com ele.